Projeto quer resgate da memória de espaços culturais de Pelotas

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Projeto quer resgate da memória de espaços culturais de Pelotas

Pequeno Inventário de Plateias ouvirá pessoas que tiveram esses lugares como cenário de episódios marcantes para suas vidas

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Projeto quer resgate da memória de espaços culturais de Pelotas
Investigação vai destacar teatros, como o Sete de Abril, e cinemas. (Foto: Jô Folha)

Entre 1910 e 1968, Pelotas encontrava-se em uma posição cultural privilegiada com mais de 30 salas de exibição, entre cinemas “de calçada”, cine teatros e teatros. Vários bairros tinham uma ou mais salas de cinema. Com o objetivo de mapear e resgatar a história destas salas a partir de depoimentos de quem viveu um período que colocou o município numa posição privilegiada da cultura brasileira, um grupo de pesquisadores criou o projeto Pequeno Inventário de Plateias.

Por um lado, a proposta tem na sua metodologia fazer uma investigação documental, que buscará dados históricos, arquitetônicos e jornalísticos sobre o tema. Por outro, vai se apoiar na história oral e na memória afetiva de integrantes de diferentes setores da sociedade, como trabalhadores, frequentadores assíduos ou esporádicos que tiveram esses lugares como cenário de episódios marcantes para as suas vidas.

A partir de sexta-feira até o dia 27 de abril estará aberta uma convocatória para que os pelotenses relatem suas memórias. Serão selecionadas dez histórias para registro em áudio. As inscrições devem ser feitas pelo site www.inventariodeplateias.com.br. O projeto é realizado com recursos da Lei Complementar n. 195/2022, Lei Paulo Gustavo.

Desafio aos artistas

No dia 25 de maio, será a vez de artistas visuais residentes em Pelotas inscreverem-se para produzirem obras em diálogo com os depoimentos. Os dez trabalhos, acompanhados dos áudios dos relatos, serão apresentados em uma exposição que abre no dia 8 de agosto, na Secretaria Municipal de Cultura. A mediação será do grupo Patafísica.

O Pequeno Inventário prevê, ainda, a distribuição de um mapa acessível com os espaços pesquisados. O material propõe um percurso urbano, no qual o transeunte também poderá encontrar o local exato dos dez depoimentos. Esses pontos serão sinalizados por um QR Code fixado pela cidade.

Um resgate histórico e afetivo

Gaúcha de Porto Alegre, Tainah Dadda conheceu Pelotas através do olhar de dois amigos: o artista visual Patrick Tedesco e o músico Luciano Mello. Entre 2015 e 2019, os projetos culturais realizados na cidade junto com Tedesco a colocaram em contato com outras pessoas e infinitas histórias e lembranças de um período cultural mais intenso que não existe mais. Entre essas pessoas estava o curador, crítico de cinema e pesquisador Renato Cabral.

Durante a pandemia, Tainah e Cabral se mudaram para a cidade do Porto (Portugal) para cursar mestrado em Curadoria. O isolamento os afastou das ruas e das pessoas que sequer tiveram tempo de conhecer. Entre as longas conversas para amenizar o tempo, eles falavam sobre a nostalgia.

Foi então na disciplina de Curadoria, que Renato Cabral escreveu um projeto sobre projeção de filmes nas fachadas de espaços que um dia abrigaram cinemas e cineteatros de calçada de Pelotas. Esse foi o start para o Pequeno Inventário de Plateias. Cabral agora assina a pesquisa e identidade visual da proposta.

“É um projeto de memória e patrimônio que não tem o rigor acadêmico, mas busca aproximar a pesquisa do público em geral e tornar o acesso aos seus resultados mais simplificado. A partir do mapeamento desses lugares e da busca por informações factuais, queremos resgatar a história oral e a memória afetiva de quem viveu e habitou esses espaços e compreender como os cineteatros e os cinemas de calçada mobilizaram a sociedade e o espaço urbano”, diz a curadora Tainah Dadda.

O projeto tem ainda a produção executiva, web design e fotografia de Aruna Cruz; a produção executiva e edição de áudio de Gustavo Cunha; a assistência de produção e identidade visual de Patrick Tedesco. Bruno Chaves atua na técnica de gravação.

 

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