Prestes a completar 23 anos, Léo Ferraz retomou espaço no Pelotas após a chegada de Alessandro Telles. Marcou dois gols e foi decisivo para outros dois, ganhando status de titular do Lobo para a reta final do quadrangular contra o rebaixamento no Gauchão. A capacidade de adaptação apresentada para se firmar como ponta pela direita é resultado de uma formação de base realizada em solo pelotense.
Essa história, de um raro talento local que consegue entregar resultado esportivo a um clube da cidade em nível profissional, começou no Brasil. Na Escola Xavante de Futebol, mais precisamente. O projeto idealizado em 2016 por Fábio Borba e o então diretor executivo do Rubro-Negro, Armando Desessards, teve Léo Ferraz como um dos primeiros matriculados.
“Em um domingo de manhã, recebi um telefonema do pai dele, buscando informações, perguntando se poderia se inscrever naquele dia. Eles eram de Santa Vitória e estavam indo de volta. Caso o Léo ficasse na escolinha, que era paga, viria morar com seus avós aqui na cidade”, conta Borba.
Do sub-15 ao profissional
A evolução da carreira do atacante não tardou. Léo Ferraz subiu para a equipe sub-15 do Brasil, que chegou à terceira fase do Gauchão em 2017. Ele vestia a camisa 9 da equipe comandada por Fábio Borba. No ano seguinte, o atacante chegou ao sub-17, enquanto o treinador assumiu a coordenação geral da base rubro-negra.
“Foi um menino que sempre teve muito potencial. Muito trabalhador, de muita dedicação. Além do potencial, um jogador de força, entrega, uma finalização muito boa. Jogador interessado, que sempre teve muito compromisso com a equipe e as ideias dos treinadores. Durante o período em que esteve comigo no Brasil, era tido por nós como uma joia a ser lapidada”, descreve Borba.
Léo Ferraz disputou competições como Gauchão e Copa do Brasil na base até assinar o primeiro contrato profissional. Estreou na equipe principal em janeiro de 2021, ao entrar no segundo tempo de um jogo do Xavante contra o Figueirense, pela Série B do Brasileirão, sob comando de Cláudio Tencati.
Passagens pelo interior
Apesar de também ter defendido o Brasil em 2021 e 2022, o atacante não se firmou no Bento Freitas. Acabou emprestado ao Esportivo e inclusive desceu para o sub-20 do próprio Rubro-Negro até estourar a idade de base. Em 2023, então, deixou a Baixada e rodou por Blumenau (SC) e Guarany. Pelo clube de Bagé, participou da campanha do acesso ao Gauchão.
O jogador chegou ao Pelotas para compor o elenco da Série A-2 de 2024. Sem alarde, registrou a temporada com mais partidas na carreira. Só não participou da estreia do Lobo. Depois, quase sempre como reserva, cumpriu papel importante na campanha do acesso, anotando quatro gols, um deles o da primeira vitória do time na competição. Também converteu o pênalti da classificação às semifinais.
Léo encerrou o ano passado no Cerrado (GO), da terceira divisão goiana. Fez quatro jogos e marcou dois gols. A equipe não subiu de divisão. Ele retornou ao Pelotas, iniciou o Gauchão como titular, perdeu espaço para Warlei e agora recupera lugar em uma posição diferente daquela em que costumava atuar sob comando de Borba e outros técnicos na base do Brasil.
Protagonismo em outra função
Perguntado sobre o protagonismo conquistado por Léo e Ruster no Pelotas desde sua chegada, o técnico Alessandro Telles destacou a capacidade de ambos de exercerem uma função nas extremas. “Entraram muito bem contra o Juventude. São dois jogadores fortes, que gostam de jogar pelo lado”, afirmou.
Após marcar diante do time da Serra e do São José, em partidas nas quais o Lobo não conseguiu sustentar a vantagem, o atacante teve intervenção decisiva nos dois gols diante do Avenida. Por isso, aparece como peça crucial do Áureo-Cerúleo às vésperas de dois clássicos Bra-Pel recheados de pressão na luta para evitar o rebaixamento.
“É um menino que merece tudo que está acontecendo com ele. A gente fica muito feliz de ver ele conquistando espaço como profissional”, completa Fábio Borba.
Quadrangular do rebaixamento
3ª rodada
Domingo (2)
16h | Avenida x São José
19h | Pelotas x Brasil
