Mais de dois dias após o incêndio que devastou a filial do Supermercado Paraíso na rua Dom Pedro II, a fumaça persistente, causada por pequenos focos de incêndio, ainda incomodava os moradores da região na tarde desta segunda-feira.
Além disso, no prédio residencial ao lado, os apartamentos do primeiro ao terceiro andar seguem interditados devido ao risco de queda da parede do setor administrativo da loja, uma das partes que não desabou. Ainda nesta segunda-feira (17), uma empresa contratada pela rede de supermercados fez uma contenção lateral para aumentar a segurança.
A síndica do condomínio parcialmente desocupado é Carla Moreno. No momento, o prédio está sem acesso a gás, pois os botijões de 45 quilos ficam armazenados junto à parede do supermercado e foram retirados do local por prevenção no dia do incêndio.
“Para mim ia explodir tudo”, explica Carla, que se mantém receosa em relação à retomada do uso do fluido no prédio. Os motivos são a insistência de pequenas labaredas no fundo do terreno e o temor pela situação da parede lateral.
Rede monitora a situação
O engenheiro da rede de supermercados, Vittorio Ardizzone, acompanhou o processo de apoio da parede do edifício, mas garante que as condições de estabilidade da divisória são seguras. “A proteção extra é para garantir a tranquilidade dos moradores”, pontua. No mais, segundo ele, a seguradora fará as avaliações necessárias das avarias até esta terça-feira (18).
Sobre a fagulha de fogo que persiste, Ardizzone argumenta que há uma pilha de mercadorias que entram em combustão mesmo após seu apagamento, mas não há perigo. Mesmo assim, ele estranhou a ausência dos bombeiros e da brigada militar no local.
A parede entre o residencial e o supermercado, conforme explica o engenheiro, compõe dois pavimentos onde ficavam os escritórios e o refeitório dos funcionários da unidade. Ele afirma que a estrutura protegeu o conjunto habitacional do fogo, por conta de seu vigamento metálico. Este suporte foi responsável por mantê-lo em pé durante o incêndio e também ajudou no descarte de qualquer possibilidade de colapso. “Se não caiu no fogo, agora não vai”, atesta o especialista.
Fumaça continua
A fumaça oriunda de resquícios do fogo é um problema ainda maior para Francine Adamoli. Ela faz tratamento oncológico devido a um câncer de pulmão e já enfrenta dificuldades para respirar naturalmente. Na madrugada de sábado (15), a área dos fundos de residência de Francine, na rua Almirante Barroso, foi atingida pelas chamas. Além do susto e dos danos materiais, a parte traseira do terreno segue interditada em cerca de dez metros. Mas a fumaça não dá trégua. “A gente sabe que não tem risco de alastrar, mas estou com medo da fumaça por estar com lesão no pulmão”, diz.