Com o objetivo de reequilibrar a presença de gerações em espaços de discussão sobre as mudanças climáticas, o governo federal promoveu, até agosto, Plenárias de Juventudes nos seis biomas nacionais, por meio da Secretaria Nacional de Juventude (SNJ). Dos encontros, foram escolhidos dois jovens para representar cada um dos biomas na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP30), que acontece entre os dias 10 e 21 de novembro, em Belém (PA).
O bioma pampa ocupa 69% do território gaúcho e é caracterizado, principalmente, por extensas áreas de campos naturais. Para apresentar as principais demandas climáticas da região, os jovens Paula Hahn, 21, e Victor Samala, 17, foram escolhidos na plenária realizada em Pelotas.
Agora, os dois preparam-se para embarcar rumo à COP30. Os principais temas incluem a redução de emissões de gases de efeito estufa, adaptação às mudanças climáticas, financiamento climático para países em desenvolvimento, tecnologias de energia renovável e soluções de baixo carbono, preservação de florestas e biodiversidade, e justiça climática e os impactos sociais das mudanças climáticas.
Quem são?
Paula Hahn é estudante do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e presidente do Centro Acadêmico do curso. Além disso, ela participa do projeto Política Externa em Debate, que relaciona assuntos locais e globais. A partir do contato com as demandas regionais, surgiu o interesse pelo impacto cada vez maior dos eventos climáticos nas cidades. Além disso, a experiência de Paula lhe trouxe a oportunidade de integrar as plenárias da juventude. “A pauta climática é transversal nas nossas disciplinas e é impossível pensar na política externa sem pensar na política ambiental, com isso eu vim me aproximando cada vez mais da temática”, afirma.
Nascido em São Paulo, mas morador de Pelotas há seis anos, Victor Samala é estudante do segundo ano do ensino médio do Colégio Pelotense. A família do jovem criou o projeto Casa da Árvore, voltado ao cultivo e à colheita de alimentos de forma sustentável, seguindo práticas ligadas à ancestralidade africana. A oportunidade de participar das plenárias surgiu a partir da participação de Victor no Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana (Fonsanpotma).
O jovem destaca que o interesse pela temática ambiental surgiu após o período de enchentes, enquanto estava longe de Pelotas, mas preocupava-se em entender como e por que as inundações ocorreram. Além disso, inserir-se em locais com pouca participação de estudantes mais jovens foi uma das suas motivações. “Quando eu percebi que não tinha muita gente da minha faixa etária falando sobre o assunto e ocupando esses locais, me deu mais interesse em participar”, diz.
Expectativas
A Secretaria Nacional da Juventude elaborou um curso para os representantes, de forma que possam estruturar as demandas que irão apresentar para Marcele Oliveira, jovem escolhida para representar o Brasil nas reuniões oficiais da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas. Além disso, a formação teve o objetivo de possibilitar um melhor aproveitamento da experiência dos jovens. “Indo representar o Pampa, é importante que nós saibamos o que o Pampa realmente precisa. Também venho conversando com diferentes coletivos e movimentos para representar da melhor forma que eu conseguir esse lindo território”, afirma Paula.
Os estudantes esperam, com a oportunidade, conhecer pessoas influentes na área e trocar ideias, de forma a contribuírem com a resiliência climática e na promoção de ações para mitigar os efeitos dos eventos climáticos extremos. “Espero que eu me rodeie de pessoas que realmente fazem a diferença e, além disso, levar para esses grandes espaços de negociação algumas coisas que são faladas aqui no nosso bioma, mas que muitas vezes não são ouvidas”, espera a estudante de Relações Internacionais.
Paula e Victor devem embarcar rumo a Belém no dia 9 de novembro e ficam na capital do Pará até dia 21. Toda a hospedagem e os custos são cobertos pela SNJ.
Qual o papel de uma COP?
Pela primeira vez, o encontro acontecerá na Amazônia, a maior floresta tropical do planeta. A COP de Belém também marca o retorno da conferência a um país democrático, depois de três anos em que o encontro aconteceu sob ditaduras.
É um encontro global anual onde líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil discutem ações para combater as mudanças do clima, sendo um dos eventos mais importantes envolvendo a temática do clima no mundo.
A COP30 representa uma oportunidade histórica para o Brasil reafirmar seu papel de liderança nas negociações sobre mudanças climáticas e sustentabilidade global. O evento permitirá ao país demonstrar seus esforços em áreas como energias renováveis, biocombustíveis e agricultura de baixo carbono.
