Congresso nipo-brasileiro discute desenvolvimento socioemocional de crianças
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Segunda-Feira25 de Novembro de 2024

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Congresso nipo-brasileiro discute desenvolvimento socioemocional de crianças

Tema é o centro de congresso organizado pela UFPel em parceria com a Universidade de Chiba, do Japão

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Congresso nipo-brasileiro discute desenvolvimento socioemocional de crianças
Evento conta com palestrantes de renome internacional (Foto: Jô Folha)

Com psicólogos, educadores e profissionais da área da saúde, a primeira edição do Congresso Nipo-Brasileiro do Desenvolvimento Emocional Infantojuvenil (Conibra) tem o objetivo de ampliar as discussões acerca do amadurecimento emocional das crianças.

Organizado pelo Núcleo de Estudos e Pesquisa em Desenvolvimento Infantojuvenil (NEPDI) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), o evento ocorre em parceria com o Research Center for Child Mental Development (Centro de Pesquisa para o Desenvolvimento Mental Infantil) da Universidade de Chiba, no Japão.

Há três anos, quando a colaboração entre as universidades se iniciou, ficou estabelecido um grupo de pesquisa que se desenvolve em conjunto com duas vertentes, uma em cada país. É uma pesquisa com resiliência que pretende avaliar as crianças escolares de sete até 12 anos, investigar a capacidade desses indivíduos de lidar com adversidades, estresses ou desafios, fazendo a coleta de dados. Essas informações serão cruzadas posteriormente com as obtidas no Japão, para fornecer às escolas um planejamento socioemocional.

“No Brasil, ainda não há uma escala, um teste validado, para avaliar a resiliência em crianças e adolescentes. Através dessas informações, nossa ideia é ter uma escala rápida, que consigamos aplicar nas crianças. Não seria um diagnóstico psicológico, mas sim identificar as características que cada criança tem, e a partir daí fazer o desenvolvimento socioemocional”, explica Michele Dias, uma das coordenadoras do Conibra.

Parceria internacional

A união entre a UFPel e a Universidade de Chiba é um movimento inovador, segundo Michele. A parceria surgiu quando Mariana Gouvêa, psicóloga e pesquisadora, participava de um congresso internacional de terapia cognitivo-comportamental, uma das abordagens da psicologia.

No congresso, conheceu Isana Kaichi, uma das pesquisadoras da universidade japonesa. Desde então, pesquisas entre as duas foram desenvolvidas, sendo uma o programa de educação de resiliência nas escolas brasileiras. “O objetivo é que seja fornecido esse programa de forma gratuita”, complementa Mariana.

Integrando a comitiva japonesa no evento, Yoshiyuki Hirano é professor e diretor associado do Centro de Pesquisa para o Desenvolvimento Mental Infantil da Universidade de Chiba.

Seu principal interesse de pesquisa é a psicologia escolar, psicologia geral, epidemiologia e psicologia clínica. Ele entende que é importante propagar informações sobre o programa. “Estamos aqui para divulgar sobre esse convênio e palestrar sobre esse assunto”, afirma.

Sobre o evento

A primeira edição do Conibra surge como uma oportunidade de tornar público o que vem sendo estudado sobre a questão da saúde emocional das crianças, com palestras de especialistas reconhecidos na área do desenvolvimento infantil e focados na psicologia e psicoterapia cognitivo-comportamental.

Uma das palestrantes é Raquel Lhullier, psicóloga cognitivo comportamental com formação em terapia focada na compaixão pela Compassionate Mind Foundation, na Inglaterra.

Ela aborda os três caminhos da compaixão: pelos outros; autocompaixão; e capacidade de receber compaixão. Ela reforça a necessidade do autocuidado e de serem auto compassivos nas suas vidas, o que reflete no tratamento das crianças.

“Na nossa cultura temos algumas crenças e distorções em relação ao significado da autocompaixão, que muitas vezes pode ser confundida com autopiedade. Esse também foi um tema abordado”, acrescenta a psicóloga.

Avaliação positiva

A neuropsicopedagoga Mariangela Tessmann, 53 anos, trabalha com crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e atípicas. Participando do evento como ouvinte, Mariangela vê com bons olhos a reunião de profissionais tão capacitados em um só evento disponível para o público.

“Representa um avanço em como olhar e como tratar. Independentemente do lugar, as crianças atípicas têm o mesmo problema. Com isso, conseguimos fazer essa troca do que funciona no Japão e podemos trazer para cá”, define.

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