Foi oficializada, a partir de um decreto, a criação do programa Centro + Vivo em Rio Grande. Com o objetivo de recuperar o Centro Histórico da cidade, um grupo de trabalho multisetorial foi estabelecido, de forma a reunir e discutir as melhores soluções para combater o esvaziamento de comércio e turismo no local. Segundo a administração pública, esse processo é comum a diversos centros comerciais de cidades vizinhas, e o município já enfrenta a redução da atividade econômica e o fechamento de diversos prédios há alguns anos.
Na oportunidade em que foi assinado o decreto pela prefeita Darlene Pereira (PT), o projeto foi apresentado para membros do executivo e para a comunidade rio-grandina, além de contar com a presença do diretor do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae-RS), Renato Savoldi. Foi ressaltado que o material apresentado não representa a totalidade do Centro + Vivo, já que a proposta é que novas ideias sejam incluídas conforme novos encontros forem acontecendo.
Está previsto para o início de 2026 um seminário sobre o tema, com o objetivo de reunir um grande número de representações de diferentes áreas da sociedade e formular propostas que possam se juntar às que já estão estabelecidas no programa, em um processo amplo e integrado.
O que é o Centro + Vivo
O programa será desenvolvido em conjunto entre as secretarias de Planejamento, Habitação e Regularização Fundiária (Smplanh), de Cultura e Economia Criativa (Smcec) e de Desenvolvimento, Inovação, Turismo e Economia do Mar (Smditmar).
A secretaria de Planejamento de Rio Grande realiza um levantamento e está desenvolvendo um cadastro técnico com esses dados, que será disponibilizado para a comunidade em formato digital. A plataforma permitirá que os cidadãos naveguem no sistema e obtenham informações sobre os imóveis e a infraestrutura. Conforme o levantamento inicial, a área considerada como centro abrange 3.370 imóveis. Destes, são 1.240 comerciais, 1.879 residenciais, há cinco escolas, oito hotéis e 10 templos religiosos. Quanto ao patrimônio, são 143 prédios históricos inventariados, outros 102 estão em condições de abandono e 84 possuem placas de aluguel.
A qualificação, através do Centro + Vivo, deverá envolver novos usos de edifícios com interesse patrimonial, novas soluções de infraestrutura urbanas combinadas com as ideias de economia criativa e solidária.
Esvaziamento do comércio
A discussão da redução da atividade econômica nos centros comerciais das cidades não é nova e nem exclusiva da região. Diversos são os fatores que vem impactando nesse esvaziamento e na necessidade do desenvolvimento de políticas públicas direcionadas ao fomento do comércio nestas áreas. Em Rio Grande, o secretário da SMPLANH, Glauber Gonçalves, destaca que a discussão volta-se para o impacto do grande número de prédios fechados, que pertencem à um grupo pequeno de proprietários. “Isso vem desvalorizando a área. Nós temos ainda aqui a grande maioria dos nossos prédios tombados dentro desse circuito, mas temos que melhorar”, afirma.
Patrimônio
A secretária de Cultura, Rita Rache, destaca a participação dos conselhos dos Povos de Terreiro e dos Povos Indígenas de Rio Grande que, por estarem diretamente ligados com a história do município, integram o processo de discussão sobre o patrimônio.
Durante o encontro, o diretor do Iphae apresentou exemplos de outros municípios que desenvolveram projetos semelhantes para recuperar os centros urbanos. Também defendeu como fundamental o trabalho com a educação patrimonial. “A gente começa com um bom plano de educação, discute a atuação da Secretaria da Educação, começando com alunos no 2º ou 3º ano do Ensino Fundamental para abordar o patrimônio. É a única maneira, não vejo outra forma”.
Revitalização
Rio Grande tinha um projeto de revitalização do Porto Histórico vinculado ao Iphan. A autorização para a obra foi emitida em janeiro de 2025, e compreende intervenções na área do antigo porto e das ruas da área central, localizadas no entorno dos bens tombados pela autarquia como a Alfândega, a Capela de São Francisco e a Igreja Matriz de São Pedro.
Com um aporte de R$ 4 milhões da Corsan, as obras foram paralisadas no começo do ano pela necessidade de um novo estudo e adequações, principalmente, nos projetos de drenagem do centro.
Projetos dentro do Centro + Vivo
- Campanha de Identidade Cultural
- Lei de Parcelamento, edificação e utilização compulsória (PEUC)
- Requalificação Calçadão Bacelar
- Programa Calçadão Legal
- Projeto Rotas Acessíveis
- Programa de Requalificação das Praças
- Projeto da Calçada da Praça Xavier Ferreira
- Programa Território Pampa-Litoral
- Roteiro Históricos e Culturais
- Programa de Educação Patrimonial
- Projeto Caminhos Negros
- Projeto Sítio Rede Ferroviária
- Revitalização Porto velho
- Eventos Culturais e Economia do Mar
- Restauro dos Correios
- Projeto Centro Criativo RG
- Requalificação Mercado Público Municipal
- Retrofit Hortifrutigranjeiros
- Restauro Biblioteca Rio-Grandense e fachadas da Prefeitura, SMPA e SMPLANH
- Programa Retrofit para Habitação
- Programa Renaturalizar no Centro
