Conab vai debater forma de apoio federal ao setor do pêssego em Pelotas

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Conab vai debater forma de apoio federal ao setor do pêssego em Pelotas

Na segunda-feira, o presidente Edegar Pretto vai se reunir com produtores que enfrentam perdas na safra

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Conab vai debater forma de apoio federal ao setor do pêssego em Pelotas
(Foto: Jô Folha)

Representantes do setor do pêssego da região Sul do Rio Grande do Sul foram convidados a participar, na segunda-feira (22), de uma reunião na prefeitura de Pelotas com o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, e o prefeito Fernando Marroni (PT). O encontro, marcado para às 10h, tem como objetivo discutir ações do governo federal voltadas ao fortalecimento da cadeia produtiva, especialmente no apoio direto aos produtores. O anúncio de medidas deve ocorrer após a reunião.

O encontro ocorre em um momento crítico para os pêssegos produzidos na região de Pelotas e Morro Redondo. O que deveria ser uma safra de recuperação, com produção superior à de 2024, acabou se transformando em frustração para os produtores. O excedente de frutas, aliado a entraves logísticos e à limitação da capacidade industrial, tem provocado atrasos no recebimento da safra e descarte de parte significativa da colheita.

Presidente da Associação dos Produtores de Pêssego da Região de Pelotas (APPRP), Adriano Bosenbecker avalia a iniciativa do governo federal como positiva, mas demonstra cautela quanto ao real impacto das medidas que possam ser anunciadas. Para ele, a eficácia do apoio depende, sobretudo, do volume de compra que venha a ser sinalizado pela Conab.

“Se houver uma intenção de compra entre 10 e 15 milhões de latas, isso pode fazer diferença. Agora, se falarem em um milhão de latas, é uma quantidade irrisória, que não muda o cenário”, afirma. Para Bosenbecker, mesmo que a proposta venha em escala reduzida, o gesto tem valor simbólico. “É um início e mostra boa vontade da iniciativa pública, mas a quantidade seria insuficiente para melhorar o preço pago ao produtor.”

De acordo com o dirigente, a safra deste ano deve ficar entre 40 e 45 mil toneladas, o que torna qualquer intervenção de pequeno porte pouco eficaz para equilibrar o mercado. Além disso, a colheita já se aproxima do final, o que limita o alcance de ações emergenciais.

Escoamento

O principal problema enfrentado neste momento é o escoamento da produção, especialmente da cultivar Esmeralda, cuja maturação ocorreu quase simultaneamente na maioria das propriedades. A situação é agravada pela falta de mão de obra nas indústrias de conservas, que operam apenas em turnos normais, sem a ampliação tradicional registrada no fim do ano. A reportagem tentou contato com a presidência do Sindicato das Indústrias de Doces e Conservas de Pelotas, mas não teve retorno até o fechamento da edição.

Segundo Bosenbecker, durante as negociações de preço, a indústria se comprometeu a receber toda a fruta após a redução do valor pago ao produtor. O quilo do pêssego, que inicialmente era negociado a R$ 2,70, acabou sendo aceito pelos produtores por R$ 2,10. Ainda assim, as empresas não têm conseguido absorver todo o volume entregue. “Uma indústria processa cerca de cinco mil caixas por dia, mas, nesta semana, a produção está entre 10 e 15 mil caixas diárias. Eles dizem que não dão vencimento”, relata. Diante deste cenário, caixas de pêssego chegaram a ser descartadas à beira da estrada.

De acordo com a assessoria da Conab, o órgão ainda está estudando o que poderá oferecer e não pode adiantar o que será negociado na segunda-feira, até porque será importante ouvir os produtores.

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