Com 47 anos de história, a LifeMed se consolidou como uma das principais fabricantes brasileiras de equipamentos médico-hospitalares, especialmente no atendimento a pacientes críticos. O diretor industrial da empresa, Luis Carlos Blanco Linares, fala sobre a trajetória da companhia, a unidade em Pelotas, o investimento em parcerias com instituições de referência e a projeção de crescimento para 2026.
Qual é a essência da LifeMed e o principal produto que levou o nome da empresa a todo o Brasil?
A LifeMed é uma empresa referência no setor de equipamentos médico-hospitalares no Brasil. É uma empresa líder e ocupa posição de destaque entre os fabricantes desses equipamentos. O nosso principal produto, o carro-chefe ao longo dos anos, são as bombas de infusão, equipamentos responsáveis pela administração controlada de medicamentos aos pacientes, da bolsa de soro ou medicamento até o paciente. São equipamentos de suporte à vida, de suma importância para pessoas em situações críticas. Mas a LifeMed não atua só nesse segmento.
Esse foi o primeiro produto desenvolvido pela empresa?
Na verdade, a LifeMed foi fundada em São Paulo por um grupo de cirurgiões cardíacos, que começou desenvolvendo válvulas cardíacas orgânicas. Mais tarde, a empresa deixou de produzir válvulas, mas passou a desenvolver as primeiras bombas de infusão e, com o tempo, outros equipamentos que compõem o ambiente da terapia intensiva. Vieram os monitores cardíacos, os desfibriladores e novas gerações de bombas de infusão, incluindo a primeira bomba touchscreen nacional. Mais recentemente, houve a integração de todos esses equipamentos em uma plataforma capaz de organizar os dados, tanto localmente quanto em nuvem, permitindo acesso remoto.
É possível dizer que, em uma UTI, hoje, há algum equipamento da LifeMed presente?
Sim. Estamos presentes em mais de 2 mil hospitais em todo o Brasil e temos quase 100 mil equipamentos instalados. Contamos com representantes e unidades de assistência técnica em todos os estados. A empresa tem 47 anos de história e, ao longo desse tempo, passou a cercar todo o leito de UTI com suas soluções.
Como a empresa chegou a Pelotas?
A LifeMed veio para Pelotas por volta de 1999, quando deixou São Paulo. O principal acionista à época era um distribuidor da marca, que acabou adquirindo a empresa. No início, a unidade ficava na avenida Salgado Filho, e hoje está localizada no Distrito Industrial. Em Pelotas temos uma unidade fabril completa, com três módulos: a fábrica de plásticos, a unidade de montagem de descartáveis usados nas bombas de infusão e a unidade de montagem de eletrônicos. Além disso, temos uma subsidiária em Campina Grande (PB), onde está o nosso núcleo de desenvolvimento de software.
Como a LifeMed pensa e desenvolve novos produtos?
Isso se dá por meio de parcerias e escuta ativa do mercado. Participamos de grandes feiras e também de eventos internacionais. Comparamos nossas soluções aos principais fabricantes do mundo, mas um ponto essencial é ouvir nossos clientes. Trabalhamos com centros de pesquisa, como o Tecnopuc, em Porto Alegre, onde desenvolvemos monitores e desfibriladores. Tivemos parcerias com hospitais, como o Albert Einstein, em São Paulo, e também com o Hospital São Francisco de Paula, aqui em Pelotas. Somos parceiros do Pelotas Parque Tecnológico e do Hub de Saúde. Durante a pandemia, desenvolvemos um trabalho expressivo com o Instituto do Coração (Incor), onde testamos a plataforma integrada que hoje permite que uma UTI seja praticamente “paperless”, sem uso de papel, com todos os dados digitalizados.
Como funciona a formação da mão de obra em Pelotas?
Trabalhamos em parceria com universidades e instituições de ensino técnico da região. A área da saúde é altamente regulada, com exigências da Anvisa, então nosso treinamento interno é muito forte. Temos profissionais experientes, com muitos anos de empresa, que são referência e contribuem na formação dos novos colaboradores.
Como foi 2025 para a LifeMed e o que se projeta para 2026?
2025 foi um ano positivo. Durante a pandemia houve uma demanda muito alta, seguida por uma queda significativa em 2022 e 2023. Mas a partir de 2024 e 2025, começamos a ver uma recuperação consistente. Há também um movimento natural de renovação do parque de equipamentos, já que muitos aparelhos antigos foram reutilizados durante a pandemia. Agora, começa um novo ciclo de substituição. Para 2026, nossa expectativa é de crescimento.
