“Isso aqui me formou como pessoa, e ainda me forma”
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Quarta-Feira30 de Outubro de 2024

Abre aspas

“Isso aqui me formou como pessoa, e ainda me forma”

Há 35 anos, a esquina entre as ruas Quinze de Novembro e General Neto é o ponto do carrinho de amendoim Ruas Quinze, onde Nathan Schimulfening, de 24 anos, dá continuidade ao negócio do pai, Volnei “Ruas” Schimulfening, falecido em 2022

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“Isso aqui me formou como pessoa, e ainda me forma”
Nathan Schimulfening continua no mesmo ponto do pai. (Foto: João Pedro Goularte

Como começou essa história do carrinho de amendoim?

Neste ano, vai fazer 35 anos que esse carrinho está aqui neste ponto. Meu pai começou em Capão da Canoa, fazendo só o coco. Aí ele se separou da mulher e veio para Pelotas. E ele veio direto pra esse ponto. Antes nem existia o Banrisul, era a Caixa Estadual. Com 12 anos eu comecei a trabalhar com ele, e o que eu aprendi com meu pai não é só questão de vender o amendoim, o coco. Tem muita gente que tem até um preconceito por estar na rua. E uma das coisas que ele mais me ensinou é que todo mundo é igual. Não é porque tu tem uma roupa de marca que eu vou te atender melhor. Não, o padrão de atendimento é pra todo mundo. Quando tu vai no lugar, tu gosta de ser bem atendido. Geralmente tu volta no lugar pelo atendimento, pela conversa. Isso meu pai construiu durante 35 anos aqui. Meu pai era conhecido por um monte de gente. Tem gente que via ele na rua, não sabia quem ele era, mas passava aqui, parava e conversava com ele.

Como foi essa “passagem de bastão” do teu pai para ti?

O meu pai faleceu há dois anos, em 2022. Na época eu estava trabalhando em um restaurante, como gerente. E foi um choque, porque eu comecei a trabalhar com ele com 12 anos. Eu trabalhei dos 12 aos 16 anos. A gente meio que se desentendeu, aí eu fui pra um outro caminho. Em 2019, eu tinha recebido uma proposta boa de emprego. E ele começou a ter uns problemas cardíacos de novo e perguntou se eu não queria voltar. Só que eu falei pra ele: ‘olha, eu vou voltar, mas eu vou voltar com uma outra ambição. Eu quero expandir isso daqui, eu não quero ficar sempre na mesmice’. Querendo ou não, meu pai sustentou uma família de cinco pessoas com isso aqui. Meu pai aproveitou muito a vida dele, viajou pra Europa. E eu voltei com um intuito de expandir. A minha ideia é fazer franquia para abrir em tudo quanto é lugar aqui do estado. E crescer.

Como foi a colocação de um nome no carrinho?

O carrinho não tinha nome. Hoje o carrinho tem o nome, uma homenagem pra ele. Todo mundo conhecia ele como “Ruas”. Hoje o nome do carrinho é Ruas Quinze. Eu tô com os projetos de fazer um carrinho novo também, mais personalizado, sair para distribuir nos lugares, coisas que o pai não fazia. […] É um negócio de família. Eu tenho uma admiração, um orgulho, um afeto enorme. Porque isso aqui me formou como pessoa, e ainda me forma.

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