Cinquentas famílias da Zona Sul do Estado estão comemorando o tempo instável dos últimos dias. É que elas já estão captando água da chuva para reservação nas cisternas construídas através do Consórcio Público do Extremo Sul (Copes), que prevê a implementação de tecnologias de acesso à água em 15 municípios da região. Ao todo são mais de 200 cisternas e quase um terço já foi entregue em comunidades de baixa renda.
“Foi um presente de Deus”, comemora a dona de casa, Isabel Cristiane de Lima Soares, 48. Ela mora no interior de Cerrito, na estrada Alto Alegre, onde a terra não é propícia para a plantação ou para implementar uma cacimba.
“Eu gasto cerca de R$ 180,00 a cada dois meses com água. Como recebo Bolsa Família e trabalho só na época da colheita de safra do pêssego, a cisterna é uma bênção, pois esperamos há 20 anos para ter água encanada”, relatou. Com o tempo instável, a beneficiada já começou a armazenar. “Vou poupar dinheiro e por isso, só tenho a agradecer”.
Recursos
O valor total do projeto financiado pelo governo federal através do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, passa dos R$ 1,5 milhão e beneficia 15 cidades da região que compõem o consórcio. O Instituto Cultural Padre Josimo (ICPJ), selecionado para executar os serviços de implantação das cisternas, garante que a obra é essencial para captação de água da chuva destinada ao consumo humano e à produção de alimentos e dessedentação animal.
Novos passos
O ICPJ está com obras em andamento nos municípios de Canguçu, Santana da Boa Vista, Turuçu e Cerrito. Nesta fase, estão sendo finalizadas as instalações das calhas de captação, pintura, colocação de placas de identificação e entrega de filtros de barro para as famílias beneficiadas. A próxima etapa do cronograma inclui a construção de cisternas em Arroio do Padre, Pedro Osório e Santa Vitória do Palmar.
Previsão de estiagem à vista
A instabilidade prolongada pode dar espaço ao tempo seco nos próximos meses. A previsão é do professor de Meteorologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Júlio Marques. “O quadro deve inverter em outubro com menor volumes de chuva. Deve persistir em novembro, dezembro e janeiro, período bem complicado para chuvas. Então existe a preocupação de enfrentarmos mais uma estiagem, não muito forte, mas que deve se agravar para o ano que vem”, disse o especialista.
Ele adianta que ainda são projeções, mas que o caminho é que em 2025 o Estado enfrente um quadro parecido com o de 2021 e 2022. Em 2023, a seca provocou um prejuízo de R$ 2 bilhões na Zona Sul, conforme a Emater Regional. “Esses projetos são fundamentais e vão ajudar muitas famílias no enfrentamento da escassez de água”, comentou Marques.
O projeto atende famílias de baixa renda, conforme as diretrizes da Portaria nº 2.462, e da Instrução Normativa da Secretaria de Segurança Alimentar e Nutricional (SESAN). Participam Arroio do Padre, Arroio Grande, Canguçu, Capão do Leão, Cerrito, Chuí, Herval, Jaguarão, Morro Redondo, Pedras Altas, Pedro Osório, Pelotas, Pinheiro Machado, Piratini, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar, São José do Norte, São Lourenço do Sul e Turuçu.
Estrutura
* 200 cisternas de placas de 16 mil litros
* 9 cisternas calçadão de 52 mil litros
* R$ 1.504.865,43 de valor investido
* 15 municípios beneficiados
* 50 equipamentos entregues