Thaís de Freitas Carvalho, professora de História, foi surpreendida com a nota máxima na Prova Nacional Docente (PND). Sem se considerar “concurseira”, ela fez o exame para conhecer o formato e acabou chamando atenção pelo desempenho em uma avaliação voltada à prática em sala de aula.
Como foi receber a notícia da nota máxima na Prova Nacional Docente?
Foi uma surpresa enorme. Eu realmente não esperava. Não sou concurseira e fiz a prova mais por curiosidade, para conhecer o formato. Quando saiu a nota da redação, que foi 10, já fiquei surpresa. Mas depois, com o resultado das 80 questões objetivas, foi um choque ainda maior.
Tu esperava algum destaque quando decidiu fazer a prova? Como foi a experiência de realizá-la?
Não. Fiz porque Pelotas anunciou que iria aderir à nota do PND e outros municípios também demonstraram interesse. Como era o primeiro ano, achei importante conhecer o tipo de prova. Ela é extensa, são 80 questões objetivas mais redação, mas é clara, bem formulada e até agradável de fazer
A experiência em sala de aula fez diferença no teu desempenho?
Com certeza. Muitas questões simulavam situações reais da escola, do cotidiano da sala de aula. Inclusão, questões pedagógicas, legislação educacional aplicada na prática. Isso favorece quem já está atuando.
Qual é o principal diferencial do PND em relação a outros concursos?
O PND não tem uma pegada excessivamente teórica. Pelo menos na prova de História, não se cobraram autores específicos ou teorias muito abstratas. A avaliação é muito mais prática, voltada para situações pedagógicas.
A prova consegue filtrar melhor quem está preparado para dar aula?
Acredito que sim. Ela valoriza quem já passou pelos estágios, quem já viveu o ambiente escolar. Não apenas quem domina a teoria, mas quem sabe lidar com situações reais.
Mesmo já sendo concursada, o que essa nota máxima representa para ti?
Representa vários fatores. Não muda financeiramente, mas trouxe muito reconhecimento. Recebi mensagens de alunos, colegas, pessoas da minha trajetória. Isso foi muito significativo.
A nota máxima mostra a realidade do professor?
Não. A realidade é bem diferente. Existem muitas desigualdades entre redes municipais e estaduais, principalmente em estrutura física e recursos tecnológicos.
Como essas diferenças impactam o dia a dia?
Impactam muito. Tem escola sem sala de informática, com poucos equipamentos, problemas estruturais. Coisas simples, como circular na escola em dias de chuva, já se tornam um desafio.
Apesar disso, o que ainda faz a docência valer a pena?
A sala de aula. Estar com os alunos, acompanhar o desenvolvimento deles, ver o interesse crescer ao longo do ano. Isso é extremamente gratificante.
Que conselho tu daria para quem pensa em seguir a carreira docente?
É uma carreira difícil, mas muito significativa. Se a pessoa busca propósito no que faz, a docência ainda é uma escolha que realiza. As coisas mais difíceis da profissão não estão na sala de aula… as melhores, com certeza, estão.