“O visitante busca experiências autênticas e está disposto a pagar por elas”

Abre aspas

“O visitante busca experiências autênticas e está disposto a pagar por elas”

Ronaldo Santini - Secretário estadual de Turismo

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“O visitante busca experiências autênticas e está disposto a pagar por elas”
(Foto: Reprodução)

O secretário estadual de Turismo, Ronaldo Santini, esteve em Pelotas durante a primeira edição do Viva o RS Costa Doce e afirma que o Rio Grande do Sul reúne características únicas no cenário nacional, capazes de atrair turistas de diferentes perfis. Santini reforça que o crescimento do turismo ocorre de forma planejada, com atenção à preservação ambiental e à sustentabilidade. O perfil do visitante que busca natureza, segundo ele, já chega ao Estado com maior consciência ambiental, o que fortalece o posicionamento do Rio Grande do Sul como destino seguro, diverso e preparado para receber turistas ao longo de todo o ano, tanto no inverno quanto no verão.

Por que a Costa Doce se destaca no contexto do turismo de natureza?
A Costa Doce possui características únicas no Brasil, reunindo praias de água doce e salgada próximas entre si, além de um bioma exclusivo. A região também concentra uma diversidade cultural marcante, com heranças da colonização portuguesa, da população negra e das tradições religiosas e históricas, como as charqueadas. Esse conjunto cria experiências autênticas, alinhadas ao perfil do turista atual, que busca reconexão com a natureza, sustentabilidade e vivências culturais genuínas.

Como o Estado tem trabalhado para estruturar e qualificar o turismo?
Nos últimos anos, o governo do Estado investiu mais de R$ 300 milhões na qualificação de destinos turísticos, recuperação de espaços e estruturação de parques. Em parceria com o Sebrae, também foram desenvolvidas ações de qualificação de produtos, valorizando o modo de fazer, a identidade local e evitando a padronização industrial. Após eventos extremos e crises recentes, houve ainda um forte investimento em promoção do destino para recuperar a imagem do Rio Grande do Sul como um local seguro, organizado e preparado para receber turistas.

Qual é a relação entre turismo e agricultura familiar no Rio Grande do Sul?
O turismo é uma importante ferramenta de geração de renda para a agricultura familiar. Experiências ligadas à produção artesanal, agroindústrias familiares, gastronomia típica e vivências no meio rural agregam valor aos produtos e ajudam a manter jovens no campo, fortalecendo a sucessão familiar. Trabalhamos para a sucessão familiar da propriedade, com uma nova pegada dentro da agricultura familiar. Quando eu estive na Secretaria do Desenvolvimento Rural, a gente estava recriando o conceito. Porque quando você fala em agro empresarial, todos são iguais. Aliás, o maior empresário é o grande produtor da pequena propriedade. Esse é o que tem que fazer mágica. Esse é o que tem que aproveitar toda a parcela do seu espaço para fazer a renda acontecer.

Como se deu o fortalecimento das agroindústrias familiares no Estado?
O processo começou com políticas voltadas à valorização da agricultura familiar e à sucessão rural. Um dos principais instrumentos foi a criação de linhas de crédito subsidiadas, como o primeiro ADAP, que permitiu a jovens agricultores acessar empréstimos de até R$ 20 mil, com alto bônus de adimplência. Com esse recurso, foi possível estruturar pequenas estufas, aviários e agroindústrias, garantindo autonomia financeira e incentivando o retorno dos filhos às propriedades. A iniciativa resultou no surgimento de mais de 300 agroindústrias familiares em todo o Estado.

De que forma a agricultura familiar passou a se integrar ao turismo?
A estratégia avançou para a abertura de mercados e a valorização dos produtos artesanais, que não competem com a grande indústria, mas ganham valor pela identidade, história e modo de produção. As feiras da agricultura familiar passaram a ocupar espaço em grandes eventos, ampliando a visibilidade desses produtos e resgatando memórias gastronômicas. No turismo, essa integração se fortalece porque o visitante busca experiências autênticas e está disposto a pagar por elas. Hoje, há roteiros turísticos consolidados, como circuitos de vinícolas e experiências rurais, conduzidos por jovens agricultores familiares, consolidando o turismo como uma importante fonte complementar de renda no campo.

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