Os trens de cargas que cruzam a região Sul poderão dividir os trilhos com vagões transportando passageiros entre Rio Grande e Pelotas. Um estudo técnico do governo federal analisa a viabilidade de criação de uma linha exclusiva para o deslocamento de pessoas entre as duas cidades. O trecho é o único no Estado a fazer parte do projeto de desenvolvimento do transporte ferroviário de passageiros no país e pode ser uma alternativa para o trânsito diário de pessoas entre os municípios.
O Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) avaliará aspectos ambientais, as condições de implementação dos trens, os investimentos necessários e a infraestrutura ferroviária, além dos custos operacionais para as empresas interessadas em administrar as linhas. A estimativa é de que o trabalho realizado por empresas licitadas comece a ser entregue no final deste ano.
Seis trechos em todo o país foram definidos para a avaliação. No lote Centro Sul, em que está Londrina (PR) – Maringá (PR) junto com Pelotas – Rio Grande, foram destinados mais de R$ 6,2 milhões para o estudo. Desses, R$ 1,9 milhão foi dedicado para a malha entre os dois municípios da Zona Sul, que tem 64 quilômetros de extensão de ferrovia.
Segurança e eficiência
Para a especialista em transportes terrestres e professora do Centro de Integração do Mercosul da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Raquel Holz, o maior benefício do transporte de passageiros por trens é a segurança. “O índice de acidentes é muito baixo. O modo rodoviário é ainda muito perigoso, com grande risco de acidentes, sendo pela imprudência dos motoristas, sendo pela falta de qualidade das infraestruturas das nossas vias”.
Potencializador do turismo
De olho em novas oportunidades com potencial de desenvolvimento do município, o presidente da Aliança Pelotas, Jorge Almeida, ressalta que o primeiro passo para a implementação dos trens de passageiros poderia ser uma rota turística. A ideia semelhante ao trem do Pampa de Santana do Livramento, em que são feitas viagens pelos caminhos dos vinhedos.
“Nos finais de semana ofertar um trem de Rio Grande para cá [Pelotas] e interligaria as rotas turísticas que têm na região”, explica. Para Almeida, enquanto o deslocamento pelos trilhos não for colocado em prática para abranger os passageiros diários, o turismo seria um bom começo para o modal na região.
Próximos passos
Após a entrega do Estudo de Viabilidade, os próximos passos incluem a realização de uma Audiência Pública, a análise pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e, por fim, a definição de um processo licitatório ou a possível inclusão no contrato ferroviário vigente. Existe a possibilidade de que o mesmo operador da malha, no caso a Rumo Logística, assuma o transporte de passageiros. Porém isso dependerá dos resultados dos estudos e da análise do contrato da operadora.