Pesquisa divulgada ontem pelo IBGE apontou aumento na população estimada da região, mas indicou queda no número de habitantes de 12 municípios do Vale. Os dados também mostram o avanço no número de moradores na maioria das cidades, com destaque para Lajeado, Teutônia e Santa Clara do Sul.
Os números são compilados anualmente pelo instituto e servem de base para o cálculo do FPM, uma das principais fontes de arrecadação dos Executivos municipais. Em todo o país, 24,8% das cidades apresentaram redução em suas populações.
De acordo com a presidente do Codevat, Cíntia Agostini, a diminuição no número de habitantes em municípios pequenos é uma das principais preocupações do órgão. Segundo ela, o tema foi debatido em agosto, durante a apresentação do diagnóstico regional.
“Antigamente discutíamos soluções para o êxodo rural. Hoje, falamos sobre a saída de pessoas das pequenas cidades com características rurais”, alerta. Conforme Cíntia, a constatação é de que a falta de oportunidade motiva a migração de jovens para outras localidades.
Segundo a presidente do Codevat, um dos fatores mais importantes para a queda populacional nos pequenos municípios é a necessidade de aumento na produtividade da agricultura familiar para que a atividade se mantenha sustentável.
“Com isso, apenas aqueles que transformaram a produção rural em negócio conseguem se manter nas localidades de origem”, aponta. Outros motivos para a saída de jovens das cidades menores são a falta de opções de Ensino Superior ou profissional e de empregos urbanos.
Conforme Cíntia, além da falta de indústrias, as empresas existentes são pequenas e familiares, e o principal empregador acaba se tornando a prefeitura. “As pessoas encontram empregos em cidades maiores, começam fazendo o deslocamento diário, até que acabam se mudando para esses centros.”
De acordo com o diagnóstico do Codevat, os municípios da parte alta do Vale são os que apresentam maior índice de redução populacional, e mesmo aqueles que tiveram aumento cresceram menos do que a média da região.
Indústrias impulsionam crescimento
Se a falta de opções de emprego e estudo influencia a queda na população dos pequenos municípios da parte alta do Vale, o alto índice de industrialização e a presença de instituições de Ensino Superior e técnico impulsionam o crescimento de outras cidades.
Conforme a presidente do Codevat, na última década, a região cresceu 10,5%, percentual acima da média registrada no estado. “Atraímos pessoas de outras regiões do estado e também recebemos imigrantes de fora do país em busca de trabalho.”
Segundo ela, as pessoas que chegam ao Vale em busca de emprego procuram as cidades maiores também pelas opções de moradias para aluguel.
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Políticas públicas
Na avaliação do Codevat, os pequenos municípios precisam investir em medidas capazes de reverter o êxodo populacional. Segundo Cíntia, é preciso estabelecer políticas públicas capazes de diversificar a matriz econômica e assim evitar a migração para os grandes centros.
“É preciso pensar desde as políticas para avanço do turismo como questões estruturais e educacionais”, ressalta. Para ela, antes disso, é preciso identificar de que forma as comunidades pretendem estabelecer o seu desenvolvimento.
“Talvez um município consiga dar uma boa qualidade de vida para uma população pequena”, relata. Na opinião de Cíntia, ainda falta clareza para compreender as consequências da redução no número de habitantes, em especial de jovens.
“Se ficar apenas a população idosa, é preciso questionar sobre quem vai trabalhar e como ficará a produtividade”, alerta. Para a presidente do Codevat, todas essas questões precisam ser decididas, pensadas e organizadas, do contrário, os municípios continuarão assistindo ao abandono da população jovem.
Municípios com redução
Anta gorda; Canudos do Vale; Ilópolis; Coqueiro Baixo; Doutor Ricardo; Forquetinha; Marques de Souza; Pouso Novo; Putinga; Relvado; Sério; Vespasiano Corrêa
