Na tarde deste sábado (27), o palco, o espaço da plateia e os camarotes do Theatro Sete de Abril voltaram a ser movimentados. A abertura à comunidade para visitação mobilizou pelotenses saudosistas, curiosos sobre o andamento da restauração do prédio. Com a movimentação da Fenadoce, diversos turistas também aproveitaram para conhecer o teatro mais antigo do Estado. A expectativa é que o Sete, fechado há 14 anos, retorne à cena cultural de Pelotas definitivamente em dezembro, quando completa 190 anos.
Com celulares prontos para tirar fotos e olhares atentos aos detalhes, os visitantes puderam registrar para si o atual cenário do Theatro. Algumas coisas chamaram a atenção, como a falta das poltronas, onde centenas de pessoas eram recebidas. A beleza do palco e dos extensos camarotes, assim como as placas de figuras históricas, foram o foco de quem queria absorver um ambiente símbolo da cultura e da arte.
Uma das primeiras pessoas a chegar na abertura foi uma moradora de Araranguá (SC). Esposa de um pelotense, ela relembra que o último espetáculo a que assistiu no local foi do Tholl. “É uma pena ele ficar fechado por tanto tempo. É tudo muito bonito aqui, tem uma história viva, eu espero que ele seja reaberto logo ao público. Eu acho muito importante esse resgate histórico”.
Turistas que vieram para a Fenadoce aproveitaram para conhecer o Theatro mais antigo do Estado (Foto: Jô Folha)
O olhar de quem esteve diversas vezes na plateia
O casal Gilberto e Clarisse Collares perdeu as contas de quantos espetáculos e apresentações já assistiram no Sete de Abril. Por isso, a saudade de frequentar o Theatro e o sentimento de fiscalizar como está a restauração os motivaram a sair do almoço direto para a visitação. “Faz muito tempo que está fechado, que as pessoas que amam a arte e a cultura, que é uma característica do povo pelotense se ressentem disso não estar a serviço da sociedade, então estamos na expectativa’, explica Gilberto Collares.
O professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) ainda avalia a recuperação do espaço e lamenta a demora para a reabertura. “A gente entra aqui e vê que está em condições razoáveis e avançadas, mas ainda precisa de muita coisa”. O casal relembra que uma das últimas apresentações em que estiveram na plateia do Sete de Abril foi do Tangos e Tragédias. “Que é um espetáculo gaúcho. Lembramos que inclusive eles fizeram a saída com toda a plateia junto e eles saíram cantando pela praça”, conta.
Compartilhamento do processo de restauro
De acordo com o diretor do Theatro Sete de Abril, Giorgio Ronna, o principal objetivo da abertura para visitação é o compartilhamento com a comunidade dos resultados da restauração. “A gente quer que as pessoas enxerguem o que aconteceu porque estamos nessa pausa, entre o Theatro estar restaurado e começar a ser equipado”. Além disso, o gestor destaca que o palco não está totalmente parado, já que ensaios de grupos de teatro e dança, assim como as práticas de piano do curso de Música da UFPel, são realizados no local. “O nosso principal objetivo é mostrar que o Theatro está em ótimas condições”.
O resgate de memórias
Assim como os relatos de visitantes, Ronna conta que em cada oportunidade que as portas são abertas para a comunidade são vários os relatos de pessoas que aproveitaram para reviver no Sete de Abril memórias afetivas de eventos que ocorreram no encantador prédio cor de rosa. “É muito impactante ver como ele ativa memórias. Todas as vezes as pessoas procuram a gente para contar que estiveram aqui, muitas pessoas que se apresentaram com grupos de danças, além dos profissionais da cidade das cenas de teatro e circo. Tem todo um grupo de pessoas que se apresentavam aqui, até das escolas municipais”.
A próxima data prevista para visitação é durante a programação do 11º Dia do Patrimônio, de 16 a 18 de agosto.
