A melhora na movimentação das vendas no comércio do centro de Pelotas, quatro dias antes do Natal, trouxe um sopro de otimismo entre os comerciantes que estavam apreensivos com a baixa nas vendas neste mês. Pouco otimista, o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Pelotas (Sindilojas), Renzo Antonioli, prevê pouco ou nenhum crescimento nas vendas em relação ao ano passado.
Até quinta-feira (18), segundo Antonioli, os lojistas estavam surpresos e preocupados devido a retração nas vendas realizadas neste mês. Comparando com o mesmo período de 2024, o qual registrou 5% de crescimento, Renzo calcula que, a previsão de crescimento foi revista de 4,13% para 4,9%. “Os meses de outubro e novembro e até mesmo setembro foram meses bons, que superaram em vendas o mesmo período, no ano passado. Então nós tínhamos a expectativa que dezembro iria naturalmente superar com facilidade o 2024. Porém até quinta-feira nós não vimos isso, bem pelo contrário”, comenta.
O levantamento do Sindilojas, apontou que o comércio de Pelotas está com vendas 4% abaixo de 2024. A expectativa agora recai sobre os últimos dias antes do Natal. “A partir de ontem (sexta-feira), nós vimos uma reação bastante forte no comércio”, fala o presidente da entidade.
Mesmo com um aumento no fluxo de compras, visto desde sexta-feira (19), Renzo não é otimista quanto a um aumento significativo que deixe os números muito acima do ano passado. “Se a reação continuar até o dia 24, talvez a gente consiga recuperar os 4% que estamos negativos, mas mesmo que seja um período extraordinário de vendas e haja um crescimento, ele não deve ultrapassar mais que 1,5% acima”, avalia o lojista.
Sobre as possíveis causas, Antonioli avalia que o consumidor pode ter antecipado suas compras. O endividamento das famílias e até de empresas, além do momento político, são possíveis causas apontadas pelo presidente do Sindilojas. “É uma dificuldade nacional. Também tivemos dificuldades nas nossas safras, com preços abaixo. É um conjunto de fatores que desencadeou agora em desembro”, comenta.
O e-commerce não é visto como possível vilão neste caso. Renzo lembra que nos últimos meses, incluindo a Black Friday, as vendas on-line não prejudicaram o comércio local. Além disso, o lojista lembra que o comércio virtual tem apenas 16% do varejo, na média nacional.
“Se empatarmos em números com 2024 já será uma excelente notícia para o comércio local”, fala Antonioli. Entretanto, o lojista espera mesmo que ao menos a gente consiga empatar com as vendas do ano passado.
A gerente de uma tradicional loja de perfumaria, Cleusa Veiga, diz que o movimento de clientes em busca de presentes foi bem fraco neste mês. “Tivemos uma queda bem grande de clientes aqui no calçadão quando comparado a 2024. “Hoje (sábado, 20), acredito que pelo 13º salário, já melhorou o fluxo, mas dias anteriores foi bem abaixo do esperado”, avalia.
Por sua vez, a gerente de uma loja de confecção no calçadão da Sete de Setembro, Taiara Tavares, disse que as vendas estavam muito boas. “Abrimos há dois meses e o movimento sempre se manteve bom. Agora com a movimentação de Natal, aumento quase 100%. Para nós está acima da expectativa”, conta.
Adaptação para não gastar muito
A farmacêutica Roberta Kleinhans Nascente, 46, de Jaguarão, aproveitou a folga para fazer as últimas compras no comércio de Pelotas, no sábado (20). Junto com a filha Isabela Kleinhans Nascente, elas visitaram passaram por mais de um estabelecimento comercial. “As lojas estão bem cheias”, comentou Roberta.
Mãe e filha disseram que o número de presentes na família delas vai ser praticamente igual ao do ano passado. Porém os gastos não podem crescer muito. “Os preços estão bons, mas as pessoas estão mais adaptadas (a diminuir o nivel de exigência), tem que ser né?”, fala.
Outra dupla de mãe e filha, a turismóloga Caroline Gonçalves, 38, e a pequena Aurora, 7, também estavam em busca de presentes para o amigo secreto. “Achamos bons preços, dentro do esperado”, fala.
Há bastante tempo a família de Caroline adotou o amigo secreto para que o grupo de adultos recebesse presentes, sem ficar pesado para ninguém. “Acaba que as crianças pedem presentes pro Papai Noel e acabam ganhando separadamente”, conta.
