Em evento na Câmara do Comércio de Rio Grande na última semana, o superintendente regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Hiratan Pinheiro da Silva, destrinchou os projetos que abarcam o órgão na região Sul e os encaminhamentos. Entre eles, foram citados os prazos para a construção da ponte que fará a ligação à seco entre Rio Grande e São José do Norte, com a confirmação de que a ordem de serviço para o início da elaboração dos projetos para a estrutura deverá ser assinada nos próximos dias.
A obra é vista com potencial de alavancar o desenvolvimento da região Sul, ao impactar a infraestrutura logística dos municípios e o escoamento de cargas no porto do Rio Grande. Com a estrutura, será possível reduzir em até 100 quilômetros a distância percorrida por caminhões vindos do norte do Rio Grande do Sul, através da BR-101. Além disso, é projetado o impacto do empreendimento no turismo da Zona Sul
Como deverá ser a ponte?
O modelo da ponte a ser construído ainda será definido. Há duas possibilidades: uma ponte fixa e uma com vão móvel, semelhante à ponte sobre o Guaíba, em Porto Alegre. Na avaliação do presidente da Associação e coordenador da comissão regional Pró-ponte, Jair Rizzo, a mais provável de ser executada é a fixa. “Ainda que em um primeiro momento ela possa ser considerada um pouco mais cara, na sequência, a manutenção de uma ponte móvel é muito grande”, analisa.
Além disso, Rizzo menciona que o fluxo de navios e barcaças para a capital, principalmente com os possíveis investimentos projetados para as hidrovias, impactará em uma maior movimentação.
Outra decisão importante a ser tomada é a localização de onde a ponte será construída. O local mais provável é o lado Sul, com cerca de 3,8 quilômetros de extensão, que liga a avenida Honório Bicalho, em Rio Grande, ao Arroio do Laracha, em São José do Norte. A outra opção, chamada de “lado Norte”, ficaria mais distante, com 4,5 quilômetros. Essa definição caberá à Nova Engenharia S.A, vencedora da licitação.
PAC Construção
Na oportunidade, o representante da entidade Pró-ponte, entregou um ofício ao superintendente do Dnit onde solicita a inclusão do empreendimento no PAC Construção no próximo ano, de forma a dar maior agilidade ao processo licitatório para a execução da obra. “Neste período em que serão elaborados os projetos executivos, em um prazo de 726 dias, nós já nos antecipamos, enquanto associação, para apontar uma alternativa àquilo que nós discutimos muito aqui, ao longo destes 40 anos”, destaca Rizzo.
Histórico
Ainda que fosse um tema debatido há anos na região, as lideranças não tinham precisão sobre qual seria o tipo de ligação à seco mais viável. Era cogitada a construção de um túnel subterrâneo entre as cidades ou uma ponte.
Em 2014, conseguiu-se recursos com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para a realização de um Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA). No entanto, após diversos entraves, a Ecoplan Engenharia finalizou o estudo em 2023, apontando a ponte como a principal alternativa para a ligação. Na época se descartou a construção de um túnel entre as duas cidades, pois a obra se tornaria aproximadamente quatro vezes mais cara do que o projeto da ponte.
Em julho de 2023, a iniciativa foi incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e teve garantia de R$ 10,3 milhões para a elaboração dos projetos executivos de engenharia e arquitetura da ponte. A licitação, lançada em maio deste ano, selecionou a empresa Nova Engenharia S.A, com sede em Santa Catarina, como a responsável por esta etapa, com a proposta de R$ 7,5 milhões.
Com a assinatura da ordem de serviço e a elaboração dos projetos, dentro do prazo, a última etapa será a licitação para a contratação da empresa que fará a construção da ponte. A expectativa é que o leilão para construção da ponte, orçada em aproximadamente R$ 1 bilhão, saia em 2027.