O Dezembro Laranja 2025 reforça, em todo o país, a importância do autocuidado e da consulta anual ao dermatologista como os caminhos mais eficazes para prevenir e diagnosticar precocemente o câncer de pele, responsável por cerca de 33% de todos os casos de câncer no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Em Pelotas, onde a média anual aponta 115 novos casos da doença, a campanha chega acompanhada de ações articuladas pelo município para ampliar a prevenção e agilizar o atendimento a pacientes com lesões suspeitas.
Neste sábado, dia 13 de dezembro, das 9h às 15h, ocorre o tradicional Dia do Atendimento Gratuito, realizado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). A mobilização reúne mais de 100 postos no país e o trabalho voluntário de cerca de duas mil dermatologistas. Desde 1999, a iniciativa já soma mais de 600 mil consultas e identificou 75 mil casos de cânceres cutâneos, reforçando a importância do acesso facilitado à avaliação especializada.
Dados da edição de 2024, que atendeu 18 mil pessoas, mostram o desafio: 62,5% dos participantes admitiram se expor ao sol sem proteção e apenas 31,6% utilizam protetor solar diariamente. A preocupação aumenta quando se considera que 54% da população brasileira nunca consultou um dermatologista, conforme levantamento do Datafolha.
Diferentemente dos outros anos, Pelotas não contará este ano com a ação que vai se concentrar em Porto Alegre, Alvorada, Caxias do Sul e Santa Cruz.
Mutirão na UCPel
Alunos da UCPel realizam orientações. (Foto: Divulgação)
A Universidade Católica de Pelotas (UCPel) realizou uma ação no dia 6 e em 28 de novembro, no Campus Franklin Olivé Leite, através de um mutirão de atendimentos à população. Entre consultas e procedimentos cirúrgicos, foram cerca de 50 pacientes. O Dezembro Laranja na Universidade é uma iniciativa da Liga de Dermatologia e Cirurgia Dermatológica em conjunto com a Liga de Cirurgia da UCPel, onde há cinco anos, professores e alunos se mobilizam para realizar um mutirão de atendimentos gratuito à população vinculada às unidades de atendimento, com a intenção de prevenir, identificar e tratar lesões suspeitas de câncer de pele.
Em Pelotas
Para fortalecer o enfrentamento da doença, Pelotas tem estruturado uma rede que busca garantir resposta mais rápida e eficiente aos casos suspeitos. A porta de entrada é a Unidade Básica de Saúde (UBS), responsável pela avaliação inicial e, quando necessário, pelo encaminhamento ao ambulatório especializado para investigação e retirada da lesão.
Um dos diferenciais do município é a atuação de uma médica dermatologista na regulação, que analisa fotos enviadas pelas UBS e identifica lesões potencialmente malignas. Quando há suspeita, o paciente é direcionado diretamente ao serviço de oncodermatologia, acelerando o diagnóstico e o início do tratamento. A estratégia reduz filas e evita que casos graves avancem enquanto aguardam avaliação presencial.
Ambulatório da Bom Jesus vai ampliar atendimento
Outro reforço é o Ambulatório de Pequenos Procedimentos da UBS Bom Jesus, que já realiza intervenções simples e deve ampliar seu escopo a partir de 2026, passando a retirar pequenas lesões suspeitas de malignidade. A expansão permitirá que casos de menor complexidade sejam resolvidos na própria atenção primária, diminuindo a demanda por serviços especializados e aproximando o cuidado da comunidade.
As iniciativas se somam às ações de educação em saúde, realizadas durante o mês, com materiais informativos, orientações sobre fotoproteção e alertas sobre a importância da consulta anual ao dermatologista. Nas escolas, unidades de saúde e redes sociais oficiais, o município reforça práticas seguras de exposição ao sol e esclarece dúvidas sobre protetores solares, radiação, roupas com proteção UV e atendimento disponível na rede pública.
Câncer de pele
O câncer de pele é causado pelo crescimento anormal e descontrolado das células cutâneas. Os tipos mais comuns são o carcinoma basocelular e o carcinoma espinocelular, que somam cerca de 177 mil diagnósticos anuais no país. Mais raro, o melanoma é o tipo mais agressivo e registra cerca de 8,4 mil casos por ano.
Segundo a médica dermatologista e professora da UCPel, Joice Göebel, entre os fatores de risco, destaca-se a combinação entre predisposição genética, pele clara e exposição solar, tanto ocupacional, como em trabalhadores rurais, ambulantes e profissionais de Educação Física, quanto recreacional, quando há abusos de sol nos fins de semana e férias sem proteção.
Dermatologista Joice Göebel. (Foto: Divulgação)
O melanoma, embora menos frequente, é o mais agressivo e pode causar metástases. Geralmente se manifesta como manchas escuras e irregulares ou modificações em pintas já existentes.
Para ajudar na identificação precoce, a dermatologista orienta o uso da regra do ABCDE (Leia em dica da especialista).
Joice reforça que consultas anuais ao dermatologista são fundamentais para reduzir novos casos, especialmente entre pessoas com histórico pessoal ou familiar da doença. “Nas avaliações, é possível orientar sobre proteção solar, identificar e tratar lesões pré-malignas, como as queratoses actínicas, precursoras do carcinoma espinocelular, e realizar dermatoscopia, exame essencial para o diagnóstico precoce e para evitar tumores mais avançados”, destaca.
Dicas da Especialista – Cuidados com a Pele no Verão com a dermatologista Ana Bomfim
Dermatologista Ana Eliza Bomfim. (Foto: Divulgação)
Com a maior circulação de informações nas redes sociais, campanhas de prevenção e acesso à mídia, cresce também a procura por cuidados dermatológicos. Segundo a dermatologista Ana Bomfim, a conscientização sobre o câncer de pele, o tipo mais comum entre todos os tumores malignos, tem levado mais pessoas aos consultórios. A especialista reuniu orientações essenciais para proteção e diagnóstico precoce.
Exame anual é fundamental
O ideal, reforça Ana Bomfim, é que todas as pessoas consultem um dermatologista pelo menos uma vez ao ano para revisar pintas e sinais. Quem apresenta fatores de risco, como pele e olhos claros, histórico pessoal ou familiar de câncer de pele, e exposição solar intensa, deve aumentar a frequência das avaliações.
Proteção solar diária, mesmo com o céu nublado
O uso do filtro solar deve ser rotineiro. A recomendação é optar por fotoprotetores com FPS 30 ou mais, reaplicando ao longo do dia. Em caso de exposição direta ao sol, como trabalho externo, praia ou piscina, é importante reaplicar a cada duas horas, já que o suor diminui a eficácia do produto. A médica reforça: “O mito de que FPS mais alto não protege é falso. Quanto maior o FPS, maior a proteção”.
Acessórios que ajudam (e muito)
Além do protetor, utilizar óculos, bonés e roupas com filtro UV colabora para a prevenção. No entanto, Ana lembra que as roupas com proteção solar perdem eficácia com as lavagens, exigindo reposição periódica.
Evitar o sol nos horários críticos
Entre 10h e 16h, a radiação UVB atinge seu pico e aumenta o risco de queimaduras e câncer de pele. A especialista orienta evitar a prática de ficar deitado no sol para bronzear, já que todo bronzeamento representa dano à pele.
Sombra ajuda, mas não resolve
O guarda-sol é um aliado, mas não garante proteção total. “A radiação atravessa o tecido. Mesmo na sombra, é obrigatório usar protetor solar”, destaca a dermatologista.
Atenção às pintas suspeitas
Pintas podem ser indicativos de câncer. (Foto: Divulgação)
Algumas alterações devem acender o alerta:
• Assimetria
• Bordas irregulares
• Cores variadas (preto, azul, marrom, branco, vermelho)
• Diâmetro acima de 6 mm
• Evolução: sinais que crescem, sangram, mudam de forma ou não cicatrizam
Na dúvida, a orientação é sempre procurar um profissional.
Para quem não tem acesso rápido ao dermatologista
Pacientes que não conseguem consultar diretamente devem buscar atendimento na unidade básica de saúde, onde serão avaliados e, se necessário, encaminhados pelo SUS para um especialista.
