Dados do Centro de Monitoramento da Defesa Civil Estadual, apontaram que Amaral Ferrador foi a cidade onde mais choveu durante a passagem do ciclone extratropical. Em 48h, o acumulado superou os 300 milímetros, com um pico de precipitação registrado em apenas 12h na quarta-feira. A força das águas derrubou pontes, bueiros e comprometeu acessos à cidade. Por conta deste cenário, a cidade decretou situação de emergência.
A partir do documento, a proposta é agilizar as ações de resposta e recuperação em Amaral Ferrador. Foram quatro pontes danificadas pelas chuvas e, ao menos outras quatro, levadas pela correnteza, isolando moradores da zona rural do município. Apenas na localidade de Morro Agudo, 52 famílias estão sem poder sair de suas residências após a queda de uma ponte de concreto, que era o principal acesso da comunidade.
Segundo a Defesa Civil Regional, que analisou o documento emitido por Amaral Ferrador, a decretação é motivada pelas chuvas intensas que atingiram o município. Agora, o município tem dez dias, a partir da data do evento climático, para realizar os levantamentos e anexar os documentos no sistema.
Outra cidade a decretar situação de emergência pela passagem do ciclone extratropical, está localizada no Centro-Sul gaúcho. Camaquã registrou um acumulado de chuva de 240 milímetros em 24h, ainda no começo da quarta-feira. De acordo com o coordenador da Defesa Civil do município, José Júlio da Silva Rodrigues, o grande volume de chuva em um pequeno período fez com o que a água da Sanga dos Passinhos extravasasse e invadisse as residências no entorno. Ao menos dez casas foram atingidas, desabrigando 17 pessoas.
O hospital Nossa Senhora Aparecida de Camaquã também apresentou problemas em razão do grande volume de chuva. A prefeitura estuda a possibilidade de construir uma bacia de contenção junto à Sanga para fazer a retenção da água da chuva e evitar novos transtornos.
São Lourenço do Sul
A Coordenadoria de Proteção e Defesa Civil da região (CrepDec4), esteve presente no município durante o período de passagem do ciclone extratropical. O arroio São Lourenço chegou a receber um alerta de inundação e precisou de atenção redobrada das autoridades. Além disso, equipes do Núcleo Integrado de Previsões (NIP) da UFPel, também prestaram apoio às ações de monitoramento do nível das águas.
“O arroio chegou a iniciar um processo de extravasar as águas, mas os níveis paralisaram e iniciou um processo de volta ao normal”, afirma o coordenador regional Márcio Facin.
A vice-prefeita de São Lourenço do Sul, Fernanda Bork (PT), destaca que o arroio voltou ao seu leito, encaminhando os processos de desmobilização e tranquilizando a população lourenciana. “Pela manhã desmobilizamos o nosso abrigo, onde tivemos apenas um desabrigado, e recebemos a assistência da Defesa Civil do Estado para acompanhar os estragos”, diz.
Da mesma forma, o monitoramento na Lagoa dos Patos é realizado pelo Centro Interinstitucional de Observação e Previsão de Eventos Extremos (Ciex) da Furg, abrangendo São José do Norte, São Lourenço do Sul e Rio Grande. Na análise da coordenadora do órgão, Elisa Fernandes, não há maiores alertas para a região ou prognósticos que indicam um novo momento de cheias, mesmo com o escoamento das águas excedentes. “O nível da Lagoa dos Patos está muito baixo na região de SLS, conforme dados da Rede de Monitoramento de Nível do Ciex. Desta forma, o escoamento do arroio em direção à Lagoa dos Patos, e a consequente redução da inundação na cidade de São Lourenço do Sul, é favorecida”, garante.
Monitoramento das águas
Outras cidades da Zona Sul que receberam maior atenção, por conta do histórico de inundações e do alto volume de chuva registrada durante a passagem do ciclone, foram Cerrito e Pedro Osório. O rio Piratini, que margeia as duas cidades vizinhas, também recebeu um alerta de inundação do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
Pedro Osório registrou um acumulado de chuva de 159 milímetros em 48h. Ainda na noite de ontem, o nível do rio Piratini iniciou o processo de recuo, não registrando nenhuma residência atingida por alagamentos. O monitoramento é feito de forma contínua, a partir da nova estação hidrometeorológica da cidade, que fornece dados em tempo real sobre o nível do rio e o volume de chuva.
Municípios da Zona Sul que reportaram estragos:
- Amaral Ferrador: (decreto de emergência)
- Arroio do Padre: (estragos em estradas do interior)
- Arroio Grande: (desabamento de um galpão)
- Canguçu: (alagamentos em estradas rurais)
- Capão do Leão: (12 casas alagadas)
- Morro Redondo: (danos em cinco pontes do interior)
- Pelotas: (decreto na próxima semana)
- Piratini: (deslizamento parcial de solo)
- Rio Grande: (queda de árvores e postes)
- São Lourenço do Sul: (um desabrigado)
- Turuçu: (alagamentos e falta de energia elétrica)
