Estou vivendo e consequentemente, escrevendo.
Me vejo no olhar da sociedade e não vejo nada além de tentativas para entender as minhas palavras.
Portanto, sinto que eu mesma levaria a vida inteira para me descobrir como pessoa.
Sigo escrevendo diariamente para tentar entender pelo menos um pouco, do que carrego dentro do peito. Pois me vejo mulher, menina, ser humano, incompreendida.
Me vejo sendo pensamento, fala, ação, saliva, boca, palavras e sílabas.
Frases estruturadas e pronunciadas diretamente pela boca de quem nunca ousou em tentar me ler.
Crio o meu próprio alfabeto e reinvento meu corpo, meu pensamento.
Como Deus criou o mundo, inventando cada traço do meu pensar.
Escrevo na tentativa de reconhecer o meu próprio ser, que está propício a desistir de ser pessoa.
Que venha então o inesperado, para que você possa me encontrar em silêncio, sem muitas explicações ou condições.
Pois penso que mesmo ao estar perdida, existe ainda a capacidade de compreender aquilo que as entrelinhas não permitem esclarecer.
Vivo, contanto, escrevo.
Não deixando claro pro mundo os significados que a minha própria vivência me explicou.
Pois, ao revelar totalmente a vida, levo a mente de quem lê a compreender da forma que eu bem entender.
Escolho confusão, um furacão, para que você diante dele, consiga ter a oportunidade de aprender a reconhecer o que por fim, quero dizer.
A escrita ensina sobre a vida quando deixamos que ela faça sentido em mais de uma só mente.
Posso assim, sem responsabilidade, confessar tudo que há em mim.
Sem culpa, sem piedade e coração.
Porque quando o artista cria, pouco importa para o mundo a sua própria intenção.
Ele cria o próprio ciclo, palavra ou pontuação.
Para não virar modelo, mas, sim, apenas uma pessoa tentando falar com o coração.
