Seis meses de mandato e como está tua memória?

Opinião

Jarbas Tomaschewski

Jarbas Tomaschewski

Coordenador Editorial e de Projetos do A Hora do Sul

Seis meses de mandato e como está tua memória?

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Um desafio: cite promessas feitas para a cidade em 2024.

Os prefeitos completam na próxima segunda-feira o primeiro de oito semestres dos mandatos com uma lista de compromissos que assinaram na disputa pelo Executivo. São projetos de governo registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e acessíveis para qualquer cidadão consultar. De ações básicas a ideias complexas, na casa dos milhões de reais, sem ter de onde tirar dinheiro dos cofres públicos para efetivar a maioria delas a curto prazo.

Promessas de campanha também vieram direto da boca dos candidatos, soltas na frente de câmeras e microfones que transmitiram debates e entrevistas. Na tentativa de convencer quem os escutava, os políticos conjugaram sem freio o verbo preferido no futuro do presente do indicativo: (eu) farei. Foram registradas propostas para tudo, até mesmo o que não estava na agenda. O importante era não deixar perguntas sem respostas.

Passados 180 dias da posse, todo morador deveria carregar a cartilha dos sonhos dos eleitos. Checar o que já foi efetivado, o que teve início e o que está sendo planejado. Se assim agisse, teríamos cidades melhores e políticos mais comprometidos com as ações desenhadas lá atrás e, não raro, engavetadas por quatro anos. Também não escutaríamos comentários vexatórios, como o que disse um prefeito em reunião com outros chefes do Executivo, alguns meses atrás:

– Hoje não dá mais para mentir para o povo. Quantas vezes vocês prometeram e não fizeram?, afirmou ele, numa sinceridade que recebeu sorrisos amarelos e causou constrangimentos.

Nos programas de governo encontram-se compromissos firmados para quase todas as áreas estratégicas das cidades.

Fernando Marroni (PT), por exemplo, em seu plano com 12 páginas, registrou ideias para o delicado setor da saúde em Pelotas: “Terá um novo momento, em conexão total com os programas do Governo Lula e nosso compromisso. Vamos expandir remédios, com o Farmácia Popular, ampliar o atendimento com o Mais Médicos e o programa Saúde da Família. Iremos ampliar a atenção básica e o atendimento de média e alta complexidade, para dar efetividade no atendimento e reduzir filas e tempos de espera. E incluindo ampliação do atendimento de odontologia e saúde mental.”

No Chuí, o prefeito Carlos Segovia (PP) listou nove propostas de obras no município. Entre elas, ampliar o esgoto pluvial com a construção de meio fio nos bairros; dar continuidade ao projeto da rótula binacional; substituir as lâmpadas da iluminação pública por lâmpadas de led; ampliar o cemitério e construir a capela municipal no local.

Já em Santa Vitória do Palmar, André Selayaran (MDB) prometeu construir praças de alimentação com infraestrutura nos Balneários do Hermenegildo e Barra do Chuí e criar o Complexo Turístico Ponto Meridional do Brasil na Barra do Chuí.

E você, ainda lembra desses compromissos e já fez movimentos para saber da viabilidade de execução? A resposta dada por 99,9% das pessoas costuma ser não. Ignoramos um dos direitos básicos da democracia representativa, de bater à porta dos gestores e ter uma conversa franca. Dialogar, apontar e cobrar.

Vivemos a era do acesso às informações públicas e dificilmente quem promete escapa dos compromissos assumidos. Está tudo gravado, armazenado e publicado. Em algum momento durante o mandato as cobranças aparecem. As únicas barreiras que ajudam a facilitar a vida nos gabinetes são o desinteresse e a pouca memória da sociedade. E seis meses, convenhamos, é muito cedo para esquecer.

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