A previsão de tempo seco e frio para esta sexta-feira (27) não diminui a insegurança de moradores do Pontal da Barra, que a cada dia veem a água da Lagoa dos Patos se aproximando das casas. Ontem, uma parte da rua principal já estava tomada por uma lâmina d’água e a expectativa dos moradores é por uma nova enchente quando a água acumulada no Guaíba descer. O temor se soma com a possibilidade de chuva forte entre amanhã e domingo, embora o Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas (CPPMet) indique que o acumulado fique em torno de 30 milímetros, diferentemente da metade Norte do Estado que deve receber um volume bem maior de precipitação.
A Coordenadoria Regional da Defesa Civil realizou dois encontros com professores e técnicos da UFPel e Furg e convidou prefeitos da região a se integrarem à reunião para monitorar e informar a situação do sistema que envolve as águas da Lagoa do Patos e canal São Gonçalo, além dos canais que cortam as cidades de Pelotas, São Lourenço do Sul e consequentemente, Rio Grande e São José do Norte. “Os especialistas estão nos orientandos quanto à possibilidade de elevação dessas águas. Há uma perspectiva de maior elevação no sábado, mas podendo ser sexta, podendo ser domingo também. Isso é algo que muda, pois existe uma dinâmica hidrológica relacionada com a meteorologia, com os ventos”, explica o coordenador, coronel Márcio André Facin. A preocupação recai sobre as áreas urbanizadas que registraram alagamentos pela suba da lagoa. “Estamos mobilizados para agirmos preventivamente.” O coordenador ressalta a importância de estar cadastrado no sistema do SMS pelo número 40199, onde são emitidos os alertas.
Para o pescador do Pontal da Barra Marcelo da Rocha Duval, 54, se descer essa água toda prevista para o norte do Estado, é bem possível que o local alague novamente. “Essa chuva que vai dar em Porto Alegre, pode não ser da mesma intensidade que foi do ano passado, mas que ela vai botar água dentro das casas aí, vai”, dispara. Ele observa que a água do Guaíba nem desceu e há registros de cheias nas cidades banhadas pela Lagoa. Sobre as obras de prevenção, o pescador acredita que não é o momento de apontar culpados. “Não tem o que fazer com a água. Vai colocar ela onde? O nosso problema é que a água toda sai só ali na barra. teria que ver uma outra possibilidade de vazão”, avalia.
Rio Grande
Rio Grande lançou ontem a Rede de Monitoramento do Nível da Lagoa dos Patos, um portal preliminar (monitoramentolagoadospatos.com.br) com dados dos linígrafos que estão em operação automática na margem oeste da Lagoa dos Patos. Os equipamentos são de tecnologia Radar, de alta precisão, e suas medidas são reduzidas ao referencial vertical brasileiro, o Marégrafo de Imbituba, em Santa Catarina. A atualização ocorre a cada meia hora. “Na quarta-feira, o gráfico apresentou uma variação pelo horário das 18h , que pode ser efeito da maré. Às 9h30min (de quinta) estava em 77,3 centímetros. E esses próximos dias vão ser todos reproduzindo esse comportamento”, explica o secretário de Planejamento, Habitação e Regularização Fundiária, Glauber Acunha Gonçalves. Nas próximas semanas, mais duas estações estarão fazendo parte desse monitoramento, sendo uma no Trapiche do Laranjal e outra em São José do Norte.
Pinheiro Machado
Em Pinheiro Machado, as chuvas que atingiram a semana entre 17 e 20 deste mês prejudicaram várias pontes, pontilhões, bueiros e estradas. Com isso, o governo municipal decretou situação de emergência.
