O empresário Fabiano de Marco, sócio e fundador da Idealiza Cidades, responsável pelo Parque Una, defende que a Câmara de Pelotas aprove a contratação do empréstimo de R$ 125 milhões para a construção de duas Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs). As obras foram aprovadas pelo PAC do governo federal em projetos enviados ainda no governo Paula Mascarenhas (PSDB).
Em entrevista exclusiva ao A Hora do Sul, de Marco lembrou que o terreno da ETE Engenho foi doado pelo Parque Una como uma contrapartida pelas obras do bairro planejado. Inicialmente, o empreendimento teria a obrigação de construir uma estação de tratamento própria, de pequeno porte, mas a partir de um diálogo com o Sanep, a empresa acabou doando o terreno e o projeto para a obra.
“Sob o olhar do interesse público, é muito melhor ter quatro ou cinco grandes estações de tratamento do que cada empreendedor fazer uma estação compacta e entregar para o Sanep operar”, explica, já que cada estação menor poderia ser feita com um padrão técnico diferente, encarecendo a operação das estruturas. “Ou nós, na prática, não iríamos tratar o esgoto ou teríamos uma complexidade operacional que tornaria o tratamento ineficiente”, pondera.
O empresário lembra que, quando o governo propôs parcerias público-privadas para a universalização do saneamento básico, ele se manifestou a favor. “Agora, quero me manifestar novamente de maneira pública a favor da votação do projeto, mesmo num modelo antagônico àquele, porque acho que tratar o esgoto é mais importante do que o modelo, tanto faz se um empresário vai lucrar alguma coisa ou se o estado vai pagar algum juro”, afirma.
De Marco lamenta que o projeto do governo esteja se arrastando sem a aprovação do Legislativo. “A cidade se envergonha de lançar esgoto na Lagoa dos Patos, que é o nosso cartão-postal, e vejo que tem outros assuntos que estão mais polêmicos no momento do que esse, que é muito mais importante para a cidade”, considera.
Fabiano afirma que já entrou em contato com vereadores para discutir a proposta e que, embora os parlamentares sejam a favor, temem que haja desvios de recursos, após a denúncia de um contrato superfaturado no Sanep.
“Medo de corrupção é algo que não deve permear alguém que quer atuar na iniciativa pública. Tem que agir com coragem, com transparência e seguindo todos os princípios da administração pública”, pontua, defendendo que os opositores apresentem emendas para ampliar a transparência dos recursos do projeto.
Câmara no Parque Una
Na entrevista, Fabiano de Marco também comentou a demora da Câmara de Vereadores na construção da nova sede do Legislativo em um terreno no Parque Una. Ele explica que o planejamento inclui a criação de áreas arborizadas dos dois lados do prédio, em um terreno orçado em R$ 10 milhões.
“Não faz muito sentido receber um ativo de R$ 10 milhões e em quatro anos não dar nenhum destino. Então, que vendam esse ativo e construam obras de maior interesse público, mas receber e não usar, sinceramente, é constrangedor para quem pagou e para a população que precisa saber”, afirma.
“Se a nova Câmara e o novo governo ainda pensam que ali é o lugar ideal para a Câmara, a mim não cabe opinar”, pondera, afirmando que parte dos moradores do Parque Una não desejam a Câmara no local.
“Não é certo que o Parque Una precise da Câmara nem que os moradores desejam a Câmara lá. O certo é que o terreno é público”, afirma. “Se a Câmara tinha o dinheiro e recebeu o terreno, qual é a justificativa para não construir o prédio passados quatro anos?”, questiona.
“Eu não estou doando um terreno para a Câmara. Eu sou obrigado por lei a entregar uma área institucional ao município para poder fazer o meu empreendimento. Não há nenhuma benevolência por parte da Idealiza, isso é importante deixar claro”, diz de Marco.
Segundo o presidente da Câmara, vereador Carlos Júnior (PSD), será realizada uma nova licitação para a elaboração do projeto de engenharia para a obra, já que os preços subiram desde que a licitação anterior foi realizada, em 2023.