A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou, nesta terça-feira (10), a Operação Firma 2, em continuidade à Operação Firma 1, realizada em setembro de 2024. Nesta etapa, os focos foram estabelecimentos utilizados para a lavagem de dinheiro proveniente das extorsões com o chamado “golpe dos nudes”, investigado na primeira fase. Foram cumpridos 13 mandados de prisão preventiva, que resultaram em 11 pessoas presas e três açougues de Pelotas fechados por suspeita de integrarem o esquema de lavagem de capitais para o grupo criminoso.
A investigação foi conduzida pela 2ª Delegacia de Polícia de Pelotas, sob coordenação do delegado César Nogueira, e identificou líderes do grupo criminoso de atuação interestadual. A ação contou com 110 policiais civis apenas em Pelotas. As ordens judiciais também foram cumpridas em Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro.
De acordo com o delegado responsável pela investigação em Pelotas, a maior parte dos estabelecimentos comerciais que tiveram as atividades suspensas pela Operação Firma II, eram CNPJ’s do município, mas utilizados apenas para a lavagem de dinheiro, sem prestação de serviço. No entanto, a investigação apontou para os três açougues, dois da mesma rede e localizados nos bairros Laranjal e Três Vendas, e um no bairro Fragata, que de fato exerciam atividade comercial e tinham possível relação com o uso de dinheiro do grupo criminoso.
Durante esta etapa da operação foram apreendidas cerca de 5,5 toneladas de produtos nos três estabelecimentos. Segundo a Polícia Civil, os materiais considerados próprios para consumo, após receberem o laudo da inspeção sanitária, foram doados para o Programa Mesa Brasil. Já os produtos impróprios foram recolhidos pela Vigilância Sanitária e serão descartados.
Mais de R$ 320 milhões movimentados
As investigações apontam que o grupo criminoso movimentou mais de R$ 320 milhões a partir das empresas de fachada, laranjas e contas de terceiros para mascarar a origem ilícita dos valores.
Além dos mandados de prisão e suspensão de atividades comerciais, foram cumpridos 69 mandados de busca e apreensão, que resultaram no recolhimento de 37 veículos, bloqueio de mais de 300 contas bancárias e sequestro de 10 imóveis.
Operação Firma 1
Deflagrada em setembro de 2024, a primeira fase da operação tinha o objetivo de desarticular um esquema de golpes dos nudes coordenado por apenados do Presídio Regional de Pelotas. Em menos de 40 dias, os valores movimentados ultrapassaram R$ 700 mil.
Os golpes consistem na extorsão de pessoas por supostamente terem interagido com menores de idade nas redes sociais. Os criminosos, passando-se por policiais e, em muitos casos, do próprio Estado do Rio Grande do Sul, sinalizam as vítimas que, para não serem investigadas, processadas ou responsabilizadas criminalmente, deveriam pagar um determinado valor.
Segundo a investigação da Polícia Civil, o dinheiro captado com as extorsões era lavado nos estabelecimentos e a partir dos CNPJs alvos da operação desta terça-feira.