Nesta quinta-feira, o Centro das Indústrias de Pelotas (Cipel) completa 78 anos de atuação no fortalecimento do setor industrial da Região Sul. Para marcar a data, o presidente do órgão, Augusto Vaniel, fala sobre os desafios enfrentados pelas indústrias pelotenses, a importância de empresas consolidadas no cenário local e as perspectivas para o futuro do setor.
Embora a entidade já tenha uma extensa trajetória, a carência de investimentos e fortalecimento da indústria da região ainda é um obstáculo, conforme avalia Vaniel. Ele critica a falta de movimentação dos órgãos públicos, especialmente em termos de incentivo financeiro, e destaca a importância de um programa de incentivo mais robusto. “Existe uma lei de incentivo à indústria que é pífia, fraca, para não dizer desatualizadíssima”, julga.
O Cipel solicitou formalmente ao prefeito Fernando Marroni (PT) a elaboração de uma nova lei de incentivo. Segundo Vaniel, o prefeito se mostrou receptivo, embora ainda esteja no início do mandato e não tenha indicado novos avanços. Para um efeito real, avalia que também é preciso haver articulação com os governos estadual e federal.
Cenário atual
Atualmente, Pelotas abriga cerca de 8,2 mil indústrias, o que representa cerca de 18% dos mais de 45 mil empreendimentos no município. Apesar disso, o setor industrial contribui com cerca de 9,9% do PIB municipal. Vaniel observa que o número inclui desde grandes indústrias até micro e pequenas, muitas ainda inativas.
Para ele, o dado revela a necessidade de atrair maiores indústrias para a região, capazes de causar impacto significativo no PIB. “Detenho grande parte do meu tempo à busca desses grandes empreendimentos para a região. E não estou falando só de indústrias com chaminé. Também falo de indústrias tecnológicas”, completa.
Vocação agroindustrial
Para Vaniel, o grande potencial da Zona Sul reside no agronegócio e na agroindústria, sobretudo com relação à exportação. O tema foi levantado em encontro com líderes na sede Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs). O caminho para explorar essa potencialidade, no entanto, depende do envolvimento direto da cidade e dos órgãos públicos, além do empresariado.
Três prioridades para o futuro, segundo Augusto Vaniel:
– Atualização da lei de incentivo municipal: eliminando gargalos burocráticos que dificultam a instalação ou ampliação de indústrias.
– Redução do custo logístico regional, com foco especial no pedágio e nos preços de transporte para insumos e produtos.
– Maior representatividade política, especialmente com a adição de um novo deputado federal que represente os interesses industriais de Pelotas.
Panorama Atual
– 8,2 mil indústrias em Pelotas
– Representa 18% dos empreendimentos
– Contribui com 9,9% do PIB municipal
Setores Industriais Relevantes
– Alimentício: produção de massas, biscoitos, conservas e arroz beneficiado.
– Couro e Calçados: tradicional na região, com empresas atuando na produção e exportação.
– Metal-Mecânico: fabricantes de equipamentos e estruturas metálicas.
– Gráfico e Editorial: gráficas e editoras locais.
– Têxtil e Vestuário: confecções e fábricas de tecidos.
Principais Empresas
Lifemed: especializada em equipamentos médicos e hospitalares
Indústria de Conservas Schramm: produtora de conservas de frutas e legumes
Massas e Biscoitos Zezé: tradicional na fabricação de alimentos
Josapar e Arrozeira Pelotas: atuam no beneficiamento e comercialização de arroz