Antônio Costa de Oliveira é professor da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (Faem) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e foi empossado como membro titular da Academia Brasileira de Ciências no dia 8 de maio. O docente foi eleito no final de 2023 e ele teria tomado posse em maio do ano passado, mas não pode participar devido às enchentes, que impediram seu translado ao Rio de Janeiro. Antônio passa a ocupar a posição juntamente com os professores César Victora, da Faculdade de Medicina, e Odir Dellagostin, do Centro de Desenvolvimento Tecnológico.
O que significa para você integrar a Academia Brasileira de Ciências e como esse reconhecimento reflete o caminho trilhado em sua carreira acadêmica?
O ingresso na Academia Brasileira de Ciências é, sem dúvida, um reconhecimento por um conjunto de trabalhos que contribuíram para o avanço do conhecimento científico, na pesquisa em plantas, principalmente na biologia de plantas e nas ciências agrárias. Isso reflete um coroamento do trabalho, um reconhecimento pela academia de que os trabalhos realizados, não só por mim, mas pelo meu grupo de pesquisa, alunos e colegas que trabalham junto, como um avanço importante e uma contribuição importante para a pesquisa científica.
Que mensagem você deixaria para os jovens pesquisadores que sonham em contribuir de forma marcante para o cenário científico nacional?
A mensagem que eu deixo aos jovens é que não podem desistir, tem que ser perseverante. Hoje há uma tendência de que as pessoas não conseguem lidar com críticas. Nós somos criticados toda a nossa vida, sempre estamos sujeitos ao erro, a falhas e a não conseguir conquistar algumas coisas. A pesquisa é movida por projetos que são financiados por agências e esse é um processo muito competitivo e, às vezes, não temos a sorte de ser aprovado. Então tem que estar sempre tentando! De cada dez projetos, um ou dois são aprovados. Isso tudo é muito circunstancial, por isso devemos persistir, fazer o melhor e torcer para que se consiga aprovar os recursos e aí fazer os trabalhos.
Como membro da ABC, qual é a responsabilidade que você sente em fomentar o diálogo entre as diversas áreas do conhecimento e em impulsionar a inovação para o bem-estar social do país?
Como membro da ABC, a responsabilidade é maior, no sentido de que nos tornamos formadores de opinião. Eu busco fazer isso já há um tempo, mobilizar os estudantes, mostrar a satisfação da carreira científica e o que nós podemos fazer para contribuir com a sociedade. No nosso caso, como a pesquisa, nós nos fixamos na pesquisa genética para o desenvolvimento de novos genótipos, novas cultivares, nós estamos sempre produzindo algo que os agricultores vão poder utilizar e ter maior ganho. Né? E a sociedade também ter maior ganho. Então, no momento que nós desenvolvemos a cultivares com maior potencial produtivo, com maior capacidade de resistência a doenças ou resistência a fatores abióticos como frio e seca, nós estamos contribuindo para que menos insumos, menos produtos químicos sejam aplicados na produção dessas cultivares e que o produtor tenha um melhor rendimento, né? E consiga então que isso chegue no supermercado num valor mais adequado.