A 38ª edição do Carijo da Canção Gaúcha, de Palmeiras das Missões consagrou vários artistas da Zona Sul. Realizado entre os dias 18 e 25 deste mês, no Parque de Exposições Telmo José Schardong, reuniu músicos de várias regiões do Estado e procura manter a essência como espaço de valorização da música nativista, promovendo encontros entre artistas, público e a comunidade. A canção O meu Deus mora no campo, foi a grande vencedora do evento. De Pelotas, o percursionista Renato Popó ficou como melhor instrumentista.
Em segundo lugar ficou o candombe Digital de Terra, com a letra de Otávio Lisboa e melodia de Richard Pereira, na voz de Marcelo Oliveira. A canção foi destaque de melhor trabalho poético. Para o pelotense Lisboa, o Carijo é um dos grandes e antigos festivais do Rio Grande do Sul. “Poder estar entre os premiados da 38ª edição, com certeza, é muito significativo”, comenta. Ele ressalta o empenho de todos que se envolveram na música, desde a concepção até a apresentação final. “Foi um trabalho feito com seriedade e respeito, e o grupo mereceu. Para o letrista, a melodia do Richard, os arranjos do Pedro e a interpretação do Marcelo, junto ao instrumental, deram vida e sinceridade à canção. “Ter o grande declamador e poeta Xirú Antunes conosco no palco, também é uma forma de entender que estamos no caminho certo, ao lado das pessoas certas”, garante.
Natural de Pedro Osório, Richard Pereira, diz que conseguiram reunir no palco não apenas colegas para defender a canção, mas sim amigos. “Com o Otávio Lisboa, carinhosamente chamado de Paciência, são anos desde nossa primeira parceria gravada. Ele me brindou com esse tema tão terrunho (de terra), sensível e com cheiro de campo, talvez por isso o ‘Candombe’ nasceu e ganhou mais corpo nas mãos arranjadoras de Pedro Terra”, salienta.
Também da região, Robledo Martins é responsável pela melodia de Do cerne antigo, juntamente com Jean Kirchoff. A milonga surgiu há dez anos em parceria com o Rômulo Chaves, entrou no Carijo e ficou com o terceiro lugar. “A letra fala justamente no legado que é deixado pelos nossos antigos, pelos avós, pais. E que é muito importante essa geração ter esse pensamento”, reflete Martins.
Troféu Sapecador
O percussionista Renato Popó de Pelotas, entre tantos músicos, foi consagrado o melhor instrumentista, pela canção Um cantar pra lua, uma milonga de Leonardo Quadros e Guilherme Castilhos interpretada por Lú Schiavo. A obra também levou o troféu Cancheador pelo Melhor arranjo instrumental.
Para Popó, o prêmio significa reconhecimento pelo que foi semeado ao longo dos anos. “É contemplar a sua dedicação, profissionalismo, horas de estudo e pesquisas na arte e na música, a sua postura profissional e a ética”, diz o músico ao lembrar do comprometimento desde jovem. Para o instrumentista, a música funciona, na maioria das vezes, de forma coletiva e por isso precisa haver harmonia entre os músicos. “Para que tudo flua bem enquanto grupo”, garante o percussionista que costuma transitar por todos os gêneros musicais. Sendo da área da percussão, o campo de oportunidade é maior em relação a possibilidades e performances. “Um dia você se apresenta como baterista e outro com um kit de percussão. É muito comum na área da percussão em festivais fazermos experiências com instrumentos percussivos para chegar ao som que a música pede”.