“Manter o Guarany de pé, funcionando e respirando arte é a missão que herdei”

Abre aspas

“Manter o Guarany de pé, funcionando e respirando arte é a missão que herdei”

Maria Antônia Fetter Zambrano - Diretora do Theatro Guarany

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“Manter o Guarany de pé, funcionando e respirando arte é a missão que herdei”
Maria Antônia segue o legado da mãe, Andreia, na gestão do Theatro.

Maria Antônia Fetter Zambrano é atual diretora do Theatro Guarany, dando continuidade ao legado da mãe, Andreia Fetter Zambrano. Carioca de nascimento, mas criada nos bastidores do teatro desde os nove anos, ela conhece cada detalhe dos cinco mil metros quadrados do prédio histórico. Além de liderar projetos como o Guarany das Artes, Maria também cursa Psicologia na UCPel, e busca unir cultura e bem-estar coletivo em sua gestão. À frente da celebração dos 104 anos do Guarany, ela reafirma seu compromisso de manter o único teatro em funcionamento da cidade vivo, atual e acolhedor.

Que lembrança da infância no teatro mais te moldou como pessoa e como profissional?

Uma situação que aconteceu logo após chegarmos em Pelotas me marcou profundamente: eu tinha uns oito anos e, para variar, estava andando com a minha mãe pelo teatro, eis que ela foi falar com um funcionário e ele disse que não ia levar ordem de mulher. Ela, sendo quem era, também não baixou a cabeça, mas o machismo escancarado me chocou.

Como você equilibra o legado da sua mãe com a sua identidade na gestão do teatro?

O legado dela permanece vivo em mim, em toda a equipe e nas paredes do Theatro Guarany. O que ela deixou é muito forte e impossível de ser apagado. Se temos um teatro em funcionamento hoje em Pelotas, o mérito é dela. Não tem como tirar a minha mãe da conversa. Mas trago, também, a minha própria visão. Sou de uma geração que carrega outros desafios, outras urgências. Acredito que posso contribuir com um olhar mais jovem, atualizado e mais sensível às transformações que vivemos.

Que projetos ou iniciativas você sonha implementar no Guarany?

Gostaria de desenvolver projetos de memória e preservação da história. Isso é uma coisa que já vem sendo feita, mas eu gostaria de cada vez mais democratizar esse acesso. O teatro é uma instituição familiar, mas é de uso público. Já venho discutindo alguma oficina em parceria com o meu curso para levar usuários do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Acredito que o espaço pode ser uma boa ferramenta de reabilitação psicossocial.

Manter o Guarany de pé, funcionando e respirando arte é a missão que herdei.

O que mais te emociona e te desafia em ser a atual guardiã do teatro?

A reação das pessoas é muito emocionante. Ali cada ladrilho tem uma história. O Theatro Guarany mobiliza e causa várias reações, muitas vezes ele causa medo, outras vezes curiosidade. E eu presto muita atenção nisso, já que além de ser a atual diretora do teatro, me preparo para concluir minha graduação em Psicologia no próximo ano. Escolhi a psicologia porque o comportamento humano sempre me fascinou. A escuta, o cuidado e a sensibilidade que desenvolvi ao longo do curso se entrelaçam profundamente com o meu trabalho. Para mim, a cultura, quando entendida como direito universal, é ferramenta de bem-estar coletivo. Ela e a saúde mental não andam separadas — ambas são formas de dar voz ao que precisa ser visto e acolhido.

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