O Centro de Reabilitação Visual da Escola Louis Braille não recebe os pacientes presencialmente há 11 dias. Devido à falta de verba, as consultas em diversas especialidades de saúde têm sido realizadas por teleconsulta. Pelo mesmo motivo, no Instituto São Benedito, há o temor de que o acolhimento das alunas em vulnerabilidade social seja prejudicado por causa do pagamento em atraso dos funcionários.
Ambas as instituições filantrópicas dependem do repasse de recurso da prefeitura para prestar os serviços sociais e educacionais. De acordo com relatos da direção das instituições, os valores estão atrasados há cerca de um mês. No instituto São Benedito, o início do ano letivo, em período integral, com aulas pela manhã e atividades extracurriculares à tarde para cerca de cem meninas em extrema vulnerabilidade já havia sido postergado, pois havia o atraso de dois meses na transferência da verba.
“E de novo estamos correndo atrás para receber, porque é o valor da parceria e o aluguel da Emei que não entra. É uma coisa muito desgastante e nunca foi assim”, diz o presidente do São Benedito, Victor Hugo Siqueira. A Emei citada é a Mário Osório Magalhães, estabelecida em parte do prédio do Instituto, alugado pela prefeitura. “Já fomos na SME [Secretaria Municipal de Educação] e na [Secretaria da] Fazenda e não tem previsão”.
Segundo Siqueira, o repasse do mês de março deveria ter sido realizado nos últimos dias de fevereiro, pois os pagamentos de despesas e de pessoal são realizados até o 5º dia útil do mês. “Eles estão com dois meses de aluguel atrasado da Emei e a gente precisa desse dinheiro para inteirar na folha”, reclama.
No Louis Braille
Normalmente movimentada durante todo o dia, o espaço do Centro de Reabilitação Visual (CLV) do Louis Braille estava vazio na tarde de ontem. Referência para 28 municípios da região de atendimento de saúde e de educação para deficientes visuais, o Louis Braille tem fila de espera pela assistência, pois o primeiro atendimento, realizado com oftalmologista, não é possível ser feito a novos pacientes por teleconsulta.
“Muitas pessoas procuram esse serviço, é de extrema importância e precisa ser valorizado. Estamos com fila de espera em todos os setores”, diz a coordenadora Karina Bueno. Além de consultas oftalmológicas e de diversas atividades do programa de reabilitação, no CLV os atendidos encontram um espaço de socialização e troca de experiências. “Eles sentem muita falta. A gente espera que essa verba seja repassada, prejudica a gente porque precisamos trabalhar e o paciente que precisa da reabilitação”.
Conforme o presidente da Escola Louis Braille, Dilmar Rodrigues, o repasse de verbas para os atendimentos de saúde está atrasado em cerca de um mês e meio. “Eles dizem que estão se organizando para pagar”.
Pagamento em processo
Conforme a Secretaria de Educação informa por meio de nota, o pagamento de março ainda está em processo, porém dentro do prazo que vence após o dia 20.
Quanto ao aluguel do prédio da Emei Mário Osório, o pagamento não havia sido realizado por problemas na documentação do Instituto São Benedito. Agora, regularizado, o processo de repasse estaria em andamento, sendo reestruturado, para que o Instituto receba os valores do aluguel.