Cerca de 20 produtores rurais do 4º Distrito de Pelotas precisaram interromper um dia de trabalho na lavoura para protestar em frente a CEEE-Equatorial. Isso porque há cerca de um mês as quedas constantes de luz e a oscilação de fase da energia elétrica têm prejudicado a secagem do tabaco e a refrigeração de leite, assim como as necessidades domésticas. Além da perda de qualidade da produção, para a manutenção de parte do trabalho tem sido necessário arcar com as despesas de gerador a diesel.
Entre o início da manhã e o final da tarde, quando os produtores estão trabalhando, as folhas de fumo estão na estufa e o leite está sendo ordenhado, é o período em que ocorre frequentemente a interrupção de energia. O problema é agravado pela falta de sinal telefônico e a dificuldade para contatar a operadora de energia. “Cai e volta em meia fase. Sempre quando volta é luz fraca, só 160 [watts], e o motor fica lá rodando em meia fase”, diz Inárcio Tessmann.
Outro produtor da Colônia Aliança, Davi Mailahn, conta que no sábado a energia chegou a cair 30 vezes durante o dia. “O tabaco perde muita qualidade, queima motor, aí tem que desligar a estufa para todo o ar sair fora. E os produtores de leite sofrem mais ainda”, relata.
Produtor de leite e de tabaco, Tiago Storch, já perdeu as contas das perdas dos dois produtos. Para tentar evitar as quedas de luz, o funcionamento da máquina de ordenha tem que ser revezado com a de refrigeração. O mesmo ocorre com as estufas para a secagem do fumo. “O resfriado que tinha que estar funcionando para receber o leite tem que desligar porque pode queimar o motor e isso afeta diretamente na qualidade do leite”.
Com o excesso de umidade e a perda de qualidade do tabaco, Storch estima que tem perdido R$ 5 por quilo, o que em uma secagem por estufa pode chegar a R$ 10 mil. “A situação está crítica e para manter as coisas tem que ligar o gerador e em uma semana tu gasta em R$ 6 mil, então é o lucro da leitaria, mas o produtor é obrigado a tirar o leite, não pode deixar as vacas com o ubre cheio”, explica.
Problema que atinge toda a Zona Rural
Líder do movimento e representante da Colônia, o vereador Éder Blank (PSD) alega que os problemas não ficam restritos ao 4º Distrito. “O que não é queda de tensão, que é o caso deles aqui, é falta de luz, ou é o fusível que caiu. Deu uma chuvinha e já está metade [da colônia] sem luz”. De acordo com o parlamentar, a reivindicação é pela permanência de viatura rodando a zona rural para resolver a oscilação de energia. “A gente tinha que levar dois, três dias pra bater uma chave, que leva cinco minutos, não tem fundamento”.
Avaliação
O executivo de Manutenção da CEEE-Equatorial, Lair Milagres, recebeu os produtores e se comprometeu em enviar equipes para avaliar a situação da rede de energia local e iniciar os procedimentos de verificação de tensão. “A gente vai ter que avaliar, porque cada caso é uma situação”, afirma.