Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Artes na UFPel, Rebeca Francoff é diretora de fotografia e graduada em Cinema e Audiovisual.
Natural de Minas Gerais, Rebeca mora em Pelotas há seis anos. Ela já foi finalista do Prêmio ABC 2023 como melhor direção de fotografia na categoria de filme estudantil.
Também atua como diretora, montadora e crítica de cinema. Em 2019 foi intercambista bolsista em Portugal, onde trabalhou com fotografia analógica e cinema.
Com o curta-metragem Madrugada, foi premiada como melhor diretora de fotografia no Festival de Cinema de Anápolis (GO), Festival de Cinema de Vitória (ES), Festival Noia (CE) e Curta Taquay (PE).
De que forma surgiu seu interesse profissional pelo cinema?
Considero que minha formação no cinema começa como cinéfila. Faço parte de uma geração que alugava em locadoras filmes em VHS e DVD.
Assistia quando criança filmes na Sessão da Tarde, na Tela Quente. Quando me formei na escola, questionei o que mais amava e a resposta foi: fotografar.
Ou seja, amar narrar com a câmera. Entendi, muito rápido, que na profissão de cinema há espaço para o amor.
Como foi a experiência de ver suas obras exibidas em festivais renomados?
É sempre uma notícia alegre. Há também responsabilidade, um corpo filme celebra a sua existência no mundo quando é assistido por alguém.
É incrível a sobrevivência das obras nos imaginários de quem as vê.
Os festivais são espaços que mediam estes encontros através de uma constelação de realizações, camadas de mundo, narrativas plurais.
O que você acredita que diferenciou o curta-metragem Madrugada e lhe rendeu tantos prêmios?
Parto do lugar em que afirmo: não somos todos iguais, não há equilíbrio. O movimento do corpo da mulher que filma entra em embate exaustivamente contra a desigualdade, a violência e o assédio.
Utilizo como verbo: trazer a subjetividade através de uma experiência radical no mundo, mergulhando no rio, no Rio Grande do Sul, recriando histórias, em águas bravas, descendo de maneira avassaladora a ribanceira, usando todas as ferramentas que forem possíveis.
Desenhar uma cartografia afetiva na potência que é se perceber pertencente ao mundo, integrada.
Sou roteirista, diretora, diretora de fotografia, montadora, crítica de cinema e tudo o que eu quiser, contrariando o equilíbrio de quem dita as regras.
Como você equilibra os papéis como diretora, montadora e crítica de cinema?
Acho que o filme se destaca pela inventividade estética. Coloquei todo o meu coração na direção de fotografia, era o nosso trabalho de conclusão de curso em Cinema na UFPel, a equipe se dedicou bastante.
Foi através da exibição dele no Festival de Cinema de Gramado que a produtora Gabriela Barenho conheceu o meu trabalho e me fez o convite para ser diretora de fotografia do longa-metragem Vó África.
O projeto será filmado este ano em Pelotas e conta com o protagonismo atores experientes como Zezé Motta.
De que maneira se deu a sua relação com Pelotas e como foi a adaptação?
Em um dia desses aconteceu uma coisa curiosa. Perguntei ao ChatGPT: quem é Rebeca Francoff? A resposta da inteligência artificial me relacionava quase que completamente com a cidade de Pelotas. Nasci em Minas Gerais e moro aqui há quase seis anos.
Nesta jornada aprendi através das diferenças a criar e compartilhar narrativas diversas enquanto sujeito coletivo.