Defasagem de preços pressiona para reajuste de combustíveis

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Defasagem de preços pressiona para reajuste de combustíveis

Valores do mercado internacional forçam aumento do litro no mercado doméstico; somado a isso, já é prevista elevação para fevereiro diante do reajuste do ICMS

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Atualizado quarta-feira,
08 de Janeiro de 2025 às 10:56

Defasagem de preços pressiona para reajuste de combustíveis
O último reajuste realizado pela Petrobrás foi de 7,2% na gasolina em julho do ano passado. (Foto: Jô Folha)

Com uma defasagem média de 14% no valor do litro do óleo diesel e de 10% na gasolina em relação aos preços praticados no mercado internacional, a tendência é de reajuste dos combustíveis em breve. Além da provável elevação pela Petrobrás, a partir de 1º de fevereiro o abastecimento ficará mais caro para o condutor devido ao aumento da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Aprovado em novembro pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), o reajuste do tributo estadual sobre os combustíveis acarretará na elevação dos atuais R$ 1,37 para R$ 1,47 por litro da gasolina e do etanol. Um acréscimo de cerca de 7%. Já para o diesel e biodiesel, o ICMS subirá de R$ 1,06 para R$ 1,12 por litro. Reajuste de 5,06%.

Outro fator que pressiona os preços dos combustíveis é a alta do dólar e a consequente disparada dos preços internacionais do petróleo. O aumento da disparidade dos valores em relação aos praticados pela Petrobrás pressiona a empresa a reajustar os combustíveis.

De acordo com o último levantamento da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a diferença entre o preço doméstico do óleo diesel e o preço de paridade de importação (PPI) abre espaço para um aumento médio de R$ 0,50 por litro. Já para a gasolina o valor é de R$ 0,31 por litro.

Pressão por reajuste

O economista Marcelo Passos destaca que o aumento de defasagem força ainda mais a Petrobras a reajustar os preços diante de perdas financeiras acarretadas pelos aumentos dos custos. “Certamente isso deve ser revisto em algum momento porque prejudica muito o lado financeiro da empresa, os investimentos futuros no pré-sal e tudo mais”.

Da mesma forma, o economista Daniel Uhr detalha que com os preços internos abaixo da paridade internacional, a Petrobras sofre prejuízo em suas operações de importação e venda no mercado interno. “Isso reflete no valor de mercado da empresa, gerando perda para as famílias que investem em ações da empresa”.

Já Marcelo Passos complementa que o reajuste deve ser o menor possível. “Mas é inevitável porque a saúde financeira da Petrobras depende desses reajustes”.

Impacto na inflação

Apesar da pressão financeira, Uhr explica ainda que a Petrobras também enfrenta restrições políticas para evitar que os reajustes elevem a inflação e os custos para os consumidores. “Essas restrições políticas geram uma inflação reprimida, e a manutenção sistemática dos preços abaixo do mercado internacional pode ajudar a conter a inflação no curto prazo, mas os ajustes futuros podem ser mais severos”, diz.

Insegurança no setor

Segundo o presidente da Sulpetro, João Carlos DalAcqua, atualmente o setor vive um cenário de incerteza diante da menor previsibilidade de reajustes com a mudança da política de preços da Petrobrás do PPI para uma fórmula baseada em fatores nacionais.
“Não sabemos se temos que comprar mais produtos. Se vender muito hoje com esse preço e daqui uns dias tiver um reajuste e tiver que repor com um valor lá na frente, um valor defasado, digamos assim, é problema financeiro”.

O último reajuste realizado pela Petrobrás foi de 7,2% na gasolina em julho do ano passado. Mesmo assim, no acumulado de 2024, o combustível subiu cerca de 10% segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

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