Produtores poderão contar em breve com suplementação alimentar para frangos e de biofertilizantes para plantas de soja feitos a partir de biomassa de algas. O projeto “Bioestimulantes e Bioinsumos de Biomassa Algal” reúne pesquisadores de duas universidades, três startups do Hub Innovat B3 e financiamento da Associação Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) para começar o estudo que pretende contribuir para a nutrição de plantas, fortalecimento do solo e incentivo a práticas verdes na agropecuária.
A gerente de projetos Embrapii de bioinsumos, Danielle Tapia Bueno, explica que o desenvolvimento do estudo, iniciado em 16 de dezembro, utilizará várias técnicas analíticas como cromatografia líquida, gasosa, além de espectrometria de massas e de absorção atômica.
“O projeto é dividido em macro entregas, com duração total de 18 meses. Os primeiros seis meses serão voltados aos testes iniciais para ver como a biomassa se comporta. Após será feita a formulação do produto para começar os testes e, posteriormente, aplicação em campo”, adianta.
Dentre os pontos positivos para a complementação alimentar de frangos de corte estão maior aporte em lipídios, vitaminas e minerais, nutrientes em que as macroalgas são ricas. A aposta é que o composto pode ajudar a previnir doenças nas aves, diminuindo o uso de antibióticos – que acabam sendo passados aos humanos pelo consumo da carne.
Para o biofertilizante destinado à soja serão utilizados tanto macro quanto micro algas. “De início, estamos pensando em fazer um bioestimulante na forma líquida para testes, mas para a comercialização e para facilitar o transporte devemos optar pela confecção de pastilhas”, explica. O bioestimulante deverá contribuir para o crescimento da planta e fortalecimento do solo.
Outro ponto positivo destacado por Danielle é o custo dos produtos, que deverão ficar abaixo daqueles que são importados. “O produtor vai poder optar por um produto de qualidade, mas com um custo mais acessível. Especialmente, os produtos podem ainda contribuir para reduzir o consumo de agrotóxicos que causam agressão ao meio ambiente e à saúde do trabalhador”, avalia.
Algas
Na pesquisa são utilizados dois tipos de algas: as microalgas produzidas a partir de biorreatores (cilindros transparentes onde são controlados pH, temperatura, acidez, produzidas em ambiente controlado) e as macroalgas encontradas em praias.
Um dos objetivos do projeto também será o de fazer a automação desses reatores. “Hoje, as medições são feitas de forma manual. O projeto também pretende fazer essa automação a partir do uso da inteligência artificial para eliminar a necessidade da presença humana na coleta de dados”, explica. A automação vai ajudar a aumentar a escala de produção das startups.
Startups
As startups Algasul, Ciclo Biotecnologia Ambiental e I9MAT Inovações em Nanotecnologia são as contratantes do projeto. A Ciclo e a Alga Sul são as startups responsáveis pela produção das algas utilizadas na pesquisa, junto com algas arribadas. A I9MAT vai ficar responsável pela parte das análises clínicas.
Espaço
O Hub Innovat B3 é um projeto financiado através do edital Inova Clusters Tecnológicos, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) e existe a dois anos. Possui dois containers localizados na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e um na Universidade Federal de Rio Grande (Furg), reúne um grupo de pesquisadores, coordenados pelo professor da UFPel Cláudio Pereira, com foco no desenvolvimento de biomassa, biotecnologia e bioprodutos. Oito programas de pós-graduação e três startups utilizam o espaço. Além das algas, startups também analisam biomassa proveniente de insetos para o desenvolvimento de farinhas integrais voltadas à alimentação animal.