Desligamento de usina preocupa comunidade de Candiota
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Segunda-Feira6 de Janeiro de 2025

Energia

Desligamento de usina preocupa comunidade de Candiota

Operação da termelétrica foi interrompida após fim de contrato e trabalhadores organizam manifestação

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Desligamento de usina preocupa comunidade de Candiota
Cerca de 80% da economia de Candiota depende das duas termelétricas. (Foto: Divulgação)

Após o fim do contrato de compra e venda, o desligamento da usina termelétrica a carvão Candiota 3 em 1º de janeiro preocupa a comunidade do município, que tem uma economia dependente da energia do carvão. A Âmbar Energia, responsável pela usina, avalia que o desligamento é momentâneo e que um novo acordo deve ser confirmado em breve.

Porém, qualquer avanço depende da sanção do presidente Lula (PT) a uma lei que cria o marco regulatório das usinas eólicas offshore, mas que tem um artigo que também beneficia as termelétricas a carvão, permitindo a prorrogação dos contratos até 2050. Caso a lei ou o artigo sejam vetados, o veto irá para análise do Senado, o que pode demorar. O prazo para sanção presidencial é até o dia 10 de janeiro.

Na tentativa de sensibilizar o presidente para sancionar o projeto, trabalhadores da usina e seus familiares organizam um ato para a próxima segunda-feira (6) para mostrar a importância da usina para a economia da região.

Segundo o diretor do Sindicato dos Mineiros de Candiota, Hermelindo Ferreira, as termelétricas do município são responsáveis pela produção de 9% da energia utilizada no Rio Grande do Sul e, junto da mineração, gera mais de cinco mil empregos diretos e indiretos, com uma média salarial de R$ 4,2 mil. Segundo o Censo do IBGE, Candiota tem uma população de 10,7 mil pessoas.

“A usina está em Candiota, mas mais de 50% das pessoas moram em Bagé, Pinheiro Machado e Hulha Negra. Geraria uma crise econômica de alto vulto nessa região”, exemplifica. Além disso, o sindicalista explica que uma demora na prorrogação do contrato gera custos elevados de manutenção preventiva no complexo da usina, o que pode inviabilizar sua reabertura.

O sindicalista explica que as usinas fornecem energia ao Sistema Interligado Nacional (SIN), que é coordenado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e fiscalizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Eneel), que demandam as usinas de acordo com a necessidade do sistema.

Em momentos de crise hídrica, quando as usinas termelétricas que são menos poluentes não dão conta da necessidade de energia, alternativas mais poluentes são adotadas para a geração de energia, como as termelétricas a carvão.

Segundo Ferreira, durante a crise hídrica de 2021, o Brasil importou R$ 1,3 bilhão em energia da Argentina e do Uruguai entre janeiro e outubro, o que reforçaria a necessidade de ter as termelétricas como opção.

Impacto econômico e ambiental

Com a maior mina de carvão mineral a céu aberto do Brasil, cerca de 80% da economia de Candiota depende das termelétricas. Em 2021, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita de Candiota era de R$ 282,6 mil, o 20º maior do Brasil e o 3º do Rio Grande do Sul.

Diante da necessidade de uma transição energética para fontes renováveis e mais limpas, toda a economia do entorno de Candiota está sob risco, já que o carvão é o combustível fóssil que mais emite gases de efeito estufa.

Além da Candiota 3, a cidade tem uma outra usina termelétrica, a Pampa Sul, que continua com contratos vigentes e é controlada por um grupo de investimentos.

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