Reflexão sobre salários de políticos
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Quinta-Feira26 de Dezembro de 2024

Editorial

Reflexão sobre salários de políticos

Reflexão sobre salários de políticos
A Câmara, ao que tudo indica, tramitou errado o processo. (Foto: Jô Folha)

A comemoração da população nos comentários de rede social do A Hora do Sul na postagem que fala sobre a Justiça ter concedido uma liminar que veta o projeto de aumento salarial para prefeito, vice, secretários e vereadores é sintomática. Vivemos em uma era de antipolítica, em que a reflexão passa longe da lógica. É bastante comum torcer o nariz, colocar todos no mesmo balaio, apontar dedos e dizer ‘eu avisei’. Por outro lado, as pessoas cobram o fim da política de carreira, técnicos ocupando secretarias e quadro profissional em funções de confiança. E é aí que a coisa dá um nó.

Atualmente um secretário municipal de Pelotas recebe pouco mais de R$ 11 mil. É um valor alto, em comparação com os ganhos da maioria das pessoas. Mas é o suficiente para atrair uma pessoa com alta capacidade técnica e de gestão, para comandar uma pasta, com toda a pressão que tem? Vamos pegar a saúde, por exemplo. É um bom valor para um médico, ou gestor hospitalar, deixar seu emprego fixo para se aventurar na administração pública? Esse valor faz sentido dentro do que o mercado oferece?

Tabelar o salário do secretariado com o dos vereadores é uma invencionice criada por aqui. São funções completamente diferentes. Para ter um secretariado técnico e qualificado é preciso pagar bem. Tratar a função pública com a seriedade com que ela merece. Como qualquer vaga de emprego, é preciso ser atraente para buscar os mais capacitados. Cercar-se dos melhores e mais qualificados para alcançar os objetivos e ter uma boa gestão, qualificada e técnica.

A questão jurídica por trás da trava judicial dos salários é sólida. A Câmara, ao que tudo indica, tramitou errado o processo e isso ainda vai longe. Mas abre espaço para reflexão quanto às cobranças e expectativas que temos diante da função pública e do que é absurdo inventado por políticos – e isso temos de monte – e o que é necessário e merecido.

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