Karoline Kuhn, 26 anos, é a responsável pelo projeto “Retecer Memórias”. A iniciativa nasceu de uma parceria público-privada que une a sustentabilidade, inovação e impacto social na cidade de Morro Redondo, resgatando manualidades e incentivando mulheres na economia criativa através do upcycling. Ela fala um pouco mais sobre o desenrolar do projeto e explica o significado de transformar roupas de uma maneira criativa.
O que deu início a esse projeto em Morro Redondo?
A vice-prefeita Angélica (Boettge dos Santos, PSDB) me convidou para desenvolvermos uma atividade de incentivo aos jovens do interior. Tenho uma marca de upcycling (reciclagem). Fiz uma proposta para a gente fazer um curso aqui em Morro Redondo, um curso de upcycling, de transformação de roupas. Depois, a gente fez uma exposição de moda. Também levei as meninas, alunas do curso, como modelos para o Congresso de Mulheres Empreendedoras em Pelotas. O projeto ainda não tinha o nome “Retecer Memórias”, mas foi assim que iniciou.
Como isso se desenvolveu para algo maior?
A deputada Delegada Nadine (PSDB) me enviou um edital da Academia de Mulheres Empreendedoras (AWE), iniciativa da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil. Iam escolher 90 empreendedoras de todo o país para participar de mentorias e competições, e eu fui selecionada. No projeto, tínhamos que desenvolver um plano de inovação para o negócio. Como fizemos via Cras, eram meninas beneficiárias de auxílio do governo. Fiquei com o sentimento de que não estávamos entregando uma solução real, pois, embora aprendessem a costurar e transformar roupas, não teriam condições de comprar uma máquina para trabalhar. Propus a ideia de ter minha própria produção e um ateliê, onde pudesse trazer essas meninas dos cursos para trabalharem comigo e seguirem na área da moda. Na competição, o projeto ficou em segundo lugar. Recebemos um investimento para dar o start. Junto a um investimento municipal, foi desenvolvido um FabLab Têxtil municipal.
A criação do nome Retecer Memórias surgiu em que momento?
No início do ano, foi realizado o curso Mochila de Sonhos, via Cras, onde, com tecidos doados, foram confeccionadas 220 mochilas para crianças carentes. As alunas aprenderam costura gratuitamente e receberam um valor simbólico por mochila. A iniciativa gerou demanda por produtos e levou à criação do nome Retecer Memórias, que resgata tecidos descartados para confeccionar mochilas, estojos e bolsas. O projeto oferece espaço e maquinário para a comunidade produzir e vender itens sustentáveis, gerando renda e reduzindo o desperdício.
Como você define o papel desse projeto para essas mulheres e para toda a comunidade?
O projeto se tornou um propósito de vida, uma missão de empoderar mulheres e transformar realidades através do upcycling. Confesso que, no início, não imaginava a magnitude do impacto que ele teria em Morro Redondo. Mas, à medida que a iniciativa evoluiu junto à gestão pública municipal, a união entre inovação, criatividade e o desejo de fazer a diferença tornou-se cada vez mais evidente. Ver jovens e mulheres tendo a oportunidade de explorar novas habilidades, frequentar novos espaços e se conectarem com diferentes gerações dentro de um mesmo espaço é algo que me emociona profundamente. Através do projeto, eles não apenas desenvolvem seus talentos, mas também ampliam seus horizontes e constroem um futuro mais promissor.
O que você já pensa para o futuro dessa iniciativa?
Nosso sonho é transformar o projeto em uma cooperativa autossustentável, gerando empregos e promovendo a inovação no interior, com foco na sustentabilidade social e ambiental.