O lourenciano Edilberto Luiz Hammes, 82 anos, se aposentou da medicina há alguns anos, passando a dedicar-se à escrita de livros da história de São Lourenço do Sul e região. No dia 7 de dezembro, será lançada sua mais recente obra, a segunda edição do Dicionário de Sobrenomes de Origem Alemã de São Lourenço do Sul e das Colônias Adjacentes, com cerca de 1,3 mil sobrenomes e seus ramos genealógicos. É um “trabalho de fôlego”, segundo ele, tendo levado, entre as pesquisas para a primeira e segunda edições, uma década e meia.
Quais foram os maiores desafios durante a coleta de dados sobre as famílias da região?
Desafios foram muitos. Fazer a árvore genealógica de uma única família já é muito difícil e nunca parece ter fim. Imagine desenvolver ramos genealógicos de cerca de 1,3 mil famílias. Mas incontáveis fontes, como documentos, colaboração de interessados descendentes dos imigrantes, visitas a quase cem cemitérios da região, sites de busca, cartórios, livros de igrejas, pesquisas em bibliotecas, em jornais antigos, informações orais com provas documentais, e outras, permitiram que se tornasse um livro com tantas informações. Com certeza, 90% das pessoas que possuem ascendentes de origem alemã e pomerana, que procurarem por algum de seus antepassados, certamente os encontrarão. Chamo a atenção que não constam nomes de pessoas que ainda vivem, salvo alguma falha involuntária ou publicação por motivos justificados.
Em que aspectos a segunda edição deste dicionário se diferencia da primeira?
A primeira edição, publicada em 2017, tinha 912 páginas. Passou, agora, para 1.343 páginas devido ao aumento de informações repassadas ao autor por leitores e por descobertas depois do primeiro lançamento. Cerca de suas cem páginas iniciais contam a história geopolítica da Alemanha, desde a velha Germânia da Idade Média, sendo assim possível entender porque a maioria dos imigrantes ora veio da Pomerânia, ora da Prússia, ora da Alemanha, como constam nos documentos de imigração, sendo o local do nascimento o mesmo; contam também a história dos sobrenomes e como eles surgiram. Os mapas em relação à primeira edição são maiores. E o principal diferencial: nesta edição atual constam, em dezenas de páginas, o nome dos vários navios – embora não seja uma relação completa – em que viajaram ao Brasil os imigrantes, com os respectivos nomes de seus passageiros, resultado de inúmeras solicitações de leitores interessados.
Como você enxerga o impacto desse tipo de registro histórico e genealógico para os descendentes?
Pude sentir esse impacto ao publicar livros históricos de São Lourenço do Sul e arredores, que foram verdadeiros “best-sellers” lourencianos, pois todos já estão esgotados. As pessoas, em geral, estão se conscientizando de uns tempos para cá que é muito importante saber a história antiga do local onde vivem, saber quem foram seus antepassados e de onde esses vieram. No meu caso, graças aos meus pais que nunca esqueceram suas origens familiares e que guardaram lembranças importantes de seus ancestrais imigrantes, foi plantada a semente dessa curiosidade que, à medida que eu amadureci, mais me interessei por ela. Assim como eu, incontáveis foram os que me entusiasmaram a revelar a eles quem eram e quais suas localidades de origem. Tenho certeza absoluta que os registros históricos e genealógicos que publiquei serão reconhecidos, especialmente depois que eu já não estiver mais por aqui.