Marciano Perondi (PL) chegou ao segundo turno como o segundo mais votado em Pelotas, com 31,67% dos votos, em chapa pura ao lado de Adriane Rodrigues (PL). Para tentar chegar à prefeitura, Perondi recebeu apoio da maioria dos partidos que integraram a chapa tucana de continuação, como PSD e União Brasil, além do apoio do deputado federal Daniel Trzeciak (PSDB).
Como o senhor vê a campanha neste segundo turno?
Nunca participei de cargo público, filiei-me no partido em março e no mês de outubro já tive 54.736 votos. Eu estou muito feliz. A população quer mudança, não aguenta mais a velha política, quer alguém novo e que Pelotas tenha progresso. Mesmo sendo minha primeira eleição, vamos ganhar.
Na tua avaliação, a cidade está polarizada, após a rejeição nas urnas ao atual governo?
Não tem polarização em Pelotas. Teve um governo muito ruim, o que tirou o PSDB da jogada. Fiquei feliz que a Paula tá apoiando o Marroni, porque juntou os dois que fizeram um péssimo governo. As pessoas mais jovens não conhecem o Marroni, mas entre quem lembra como foi o governo lá atrás, ele tem votação menor.
No segundo turno, sua candidatura recebeu o apoio de vários partidos da coligação do PSDB. Qual a sua avaliação sobre isso?
Os apoios vieram pelos vereadores eleitos, a grande maioria deles veio me procurar. Eles não querem o Marroni. Eles decidiram me apoiar porque enxergam em mim a possibilidade de ter uma Pelotas mais próspera. Fiquei muito feliz, porque partiu deles virem atrás de mim. Eu não fiquei negociando.
Existe perspectiva de entregar cargos aos partidos que o apoiam?
Existe compromisso de colocar só pessoas técnicas. Se eu assumir a prefeitura, não tenho gente para colocar lá dentro em todos os cargos, vou precisar de muitas indicações de várias pessoas, mas eu que vou escolher todos os cargos, um a um. Quero fazer governo para que Pelotas dê certo, e para isso vou colocar pessoas qualificadas.
Qual será a formatação de governo, em relação ao número de secretarias?
O que a gente tem é que 26 secretarias é demais. Temos que diminuir, no mínimo, pela metade. Mas, para angariar recursos, temos que ter a pasta. Não dá para extinguir secretaria que capta recursos, é burrice, porque as vezes o custo da pasta é menor do que o que a pasta pode trazer de recursos. Vamos reduzir mais ou menos pela metade os cargos de confiança.
O cenário é mais acirrado eleitoralmente. Como fazer um governo que contemple quem votou no outro candidato?
Nenhuma pessoa me viu falar de um lado ou de outro. O governo se faz para todas as pessoas, no meu governo vai ter pessoa de esquerda trabalhando, se for boa. Polarização não existe, as pessoas ficam criando isso. Precisamos olhar para o futuro, governar para as pessoas.
Quais suas principais e primeiras pautas se eleito?
A primeira prioridade é cuidar das pessoas, temos 62 mil pessoas esperando exames e cirurgias. Quando saio para os bairros, eu encontro pessoas dizendo que tem problema no joelho, precisando de cirurgia de câncer às vezes. Muitas pessoas perdem o pé, a visão, quantas pessoas estão cegas por não ter tratamento e diagnóstico de diabetes? Vamos fazer mutirão da saúde e zerar a fila de exames e cirurgia. O custeio desse mutirão muito é pelo governo estadual e federal. Daniel Trzeciak vai ajudar muito, temos meta de trazer mais de R$ 500 milhões a fundo perdido para cá. Tem que valorizar o médico para que possa dar o atendimento. Estrutura tem, temos que melhorar postinho, pagar melhor os médicos e trazer a plataforma de atendimento virtual, que vai ajudar muito o atendimento básico e inicial. Pelotas tem que ter três UPAs, só tem uma, vamos construir duas.
Como resolver imediatamente os problemas da saúde?
A gente tem que diminuir a máquina pública. Só na redução de secretarias e cargos, dá uma economia de R$ 1,5 milhão por mês. É a parte que falta para pagar os hospitais, que têm prejuízo a cada paciente que atende, recebem em média 70% do valor do custo das cirurgias.
Como solucionar os problemas de infraestrutura da cidade?
Hoje não se faz um trabalho técnico, colocam alguém para passar patrola e tapar buraco, só que enche de terra, no dia seguinte tá esburacado de novo. Temos que colocar material para fechar buraco, as ruas têm que ser feitas com inclinação, hoje ela é plana e coloca terra na lateral, não limpa valeta, água empoça, dá cratera na rua. É um serviço porco [sendo feito]. Se deixar o caimento, resolve muito nas ruas. Temos o projeto de trazer a cinza-cal de Candiota, porque conseguiremos fazer pavimentação em muitos locais da cidade, pavimentar as ruas dos ônibus primeiro, depois as laterais.
Pelotas começou a semana com a tragédia do Remar para o Futuro. Quais as propostas para a área do esporte e projetos sociais como este?
Quero mandar um abraço, não tem palavras que se falem para consolar as famílias das vítimas. Um acidente triste de pessoas que estavam representando a cidade. A resposta que a gente pode dar é que, para o Remar para o Futuro, este projeto aí de canoagem, vamos fazer o maior projeto que Pelotas já teve. Já falei com a empresa do lado da chácara da Brigada, que vai sair uma área, um projeto totalmente feito pela iniciativa privada, que vai ser dez vezes maior do que o projeto que se tinha em Pelotas. Não vai ter um real de dinheiro público, é investimento da iniciativa privada. Vai ter essa homenagem para eles, vamos olhar para o projeto Remar e vamos fazer algo por esses atletas que sofreram esse acidente e respeitar o que eles gostavam, colocar muitas crianças neste projeto. Quero colocar, também, o esporte dentro da escola, em turno inverso, junto com o almoço na escola.
Quais os principais eixos que se pretende fomentar para ter o desenvolvimento econômico?
A gente tem que tirar a burocracia. Hoje, aqui se leva dois anos e meio para tirar um alvará de construção, em cidades mais desenvolvidas faz de 15 a 20 dias. Direito ambiental tem que ser por autorregulação. Só isso já atrai investimentos a Pelotas. Vamos fazer projeto para dar áreas públicas a empresas que venham investir com determinado valor e número de funcionários, para que a área fique por dez anos, ninguém sai da cidade depois de dez anos investindo. Tudo que eu puder dar de isenção de imposto eu vou fazer, desde que não atrapalhe e tenha concorrência desleal com as empresas que já estão aqui. Se eu colocar mais 5 mil empregos, 10 mil empregos em Pelotas, quantas pessoas vão estar trabalhando, vão ter dinheiro para pagar IPTU, ir ao mercado, isso é o que importa. Empresa não é coisa ruim. Temos que trazer empresas grandes para cá. Estamos negociando com uma esmagadora de soja para investimento de mais de R$ 1,5 bilhão.
Caso eleito, qual o legado gostaria de deixar?
Quero que Pelotas seja o lugar que as pessoas não vão mais embora pela falta de oportunidade. Quero que seja uma cidade que as pessoas queiram vir morar, porque tem trabalho e prosperidade. Que as pessoas tenham orgulho de morar aqui, queiram morar em Pelotas e não se formar para ir embora, juntar dinheiro para ir embora. Quando eu fizer isso, o meu governo deu certo, e eu vou fazer isso.
Quais os desafios para fazer essas propostas darem certo?
Vejo muita burocracia, temos que colocar pessoas técnicas nas áreas, assim teremos serviço mais profissional. Enquanto tiver excesso de burocracia na prefeitura, vai ser difícil seguir. Temos que fazer o novo plano diretor da cidade, para que a gente faça Pelotas explodir. A cidade tem muitas dívidas por má gestão, e nós vamos fazer boa gestão, reduzir e até pagar essa dívida e colocar Pelotas no rumo do crescimento.