Oguener Tissot e o remo foi “paixão à primeira vista”
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Oguener Tissot e o remo foi “paixão à primeira vista”

Idealizador do Remar para o Futuro, treinador de 43 anos foi uma das vítimas do acidente no Paraná

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Atualizado segunda-feira,
21 de Outubro de 2024 às 17:35

Oguener Tissot e o remo foi “paixão à primeira vista”
Oguener Tissot dedicou grande parte dos seus 43 anos de vida ao remo. (Foto: Divulgação)

Oguener Tissot era uma referência nacional no remo, esporte ao qual dedicou grande parte dos seus 43 anos de vida.

Criado na região do Porto, em Pelotas, começou a se interessar pela modalidade ainda criança por influência de um vizinho, mas não podia fazer aulas na época por não ter 12 anos, idade mínima exigida pelo professor da época. Quando completou a idade necessária, no início dos anos1990, Oguener iniciou uma trajetória que jamais abandonaria.

“Foi paixão à primeira vista”, costumava dizer. Já adulto, cursava administração com objetivo de seguir carreira como gerente em uma das maiores redes de lojas de departamento do país. Até que optou por seguir a vida profissional dentro do remo, quando trocou de curso, iniciando na educação física.

“Pessoa fantástica. Vi poucos coordenadores técnicos com uma energia tão grande e um amor tão grande ao esporte como o Oguener. Se dedicava integralmente aos treinos. De madrugada, frio, no inverno, manhã, tarde”, conta Flaviano Moreira da Silva, coordenador do curso de fisioterapia da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), parceira do projeto.

“Ele sempre foi envolvido com o remo, com água. Era o sonho dele”, diz Fábio de Oliveira, primo de Oguener. Ele relembra a ajuda fornecida pelo treinador durante a enchente em maio, transmitindo informações sobre a direção dos ventos. Oguener também contribuiu diretamente com o resgate de moradores ilhados no Laranjal por meio de seus barcos.

Remar para o Futuro

O remo em Pelotas deu um salto de qualidade com a criação do projeto Remar para o Futuro a partir de 2015. A iniciativa surgiu e cresceu, desde então, com o amparo da prefeitura de Pelotas e das universidades Federal e Católica, baseada em desenvolvimento social e formação técnica de atletas de alto rendimento.

Coordenador geral, Fabrício Boscolo conversou com a reportagem do A Hora do Sul sobre o surgimento da ideia do projeto e a amizade com o treinador.

“O Oguener estava começando uma escola particular. Eu propus que a gente fizesse um projeto esportivo. Ele era um cara de ouro, extremamente dedicado, esforçado, competente, perfeccionista. A partir daí a gente se aproximou muito, comecei a treinar na academia de remo. A gente foi estruturando rapidamente o projeto”, relembra Boscolo.

O crescimento do projeto fez Pelotas virar uma referência nacional no remo. O sucesso se traduziu em convocações de Oguener Tissot para a seleção brasileira como técnico. Recentemente, ele treinou a seleção brasileira sub-23 no Mundial na República Tcheca em 2021. A seu lado, viajaram jovens do Remar para o Futuro.

O projeto formou parceria com o Flamengo, maior potência do esporte no Brasil, além de ter revelado atletas que atualmente estão em outros clubes como Piedro Tuchtenhagen, Evelen Cardoso e Facundo Mezquita, no Grêmio Náutico União, de Porto Alegre; e Maria Fuhrmann, Mariana Macedo e Ana Júlia Ferreira no Flamengo.

Nestes nove anos, o Remar para o Futuro colecionou inúmeras conquistas em competições estaduais, regionais e nacionais.

“Excelente” e “histórico”

Foram estas as palavras utilizadas por Oguener para definir a participação da sua equipe no Campeonato Brasileiro Unificado, encerrada no domingo em São Paulo.

Seus atletas conquistaram sete medalhas, sendo duas de ouro. Oguener estava orgulhoso pelo fato do Remar para o Futuro ter sido a sexta melhor equipe da competição, na frente de clubes mais tradicionais e com mais investimento no esporte.

Oguener Tissot deixa o filho Miguel, de seis anos.

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