Daniela Brizolara (PSOL) é candidata a vice-prefeita de Pelotas na chapa de Fernando Marroni (PT). A professora de música e cantora foi candidata a vereadora em 2016 e candidata a vice-prefeita em 2020, também pelo PSOL. Em entrevista ao A Hora do Sul, Daniela fala das propostas de governo e da expectativa para a reta final da campanha.
Qual a sua avaliação da eleição até agora?
Faltando uma semana pro dia da eleição, temos uma expectativa muito boa. Temos essa impressão no contato diário com as pessoas. Fomos para o segundo turno e saímos na frente, e isso para a população conta bastante. Estamos trabalhando para que essa vitória se concretize, a vitória da nova frente popular, com o projeto de reconstrução com o povo, fazendo uma cidade de todos e para todos, onde todos sejam cuidados.
O cenário nacional de polarização se repete no município?
Acho que aqui no município, mesmo com o resultado que se teve nas urnas, em alguns momentos não conseguimos ter a certeza de como vai ser o resultado. As pessoas avaliam os candidatos, avaliam as propostas. Um projeto é de alguém que já governou Pelotas, mesmo que há bastante tempo, e que tem ideias inovadoras, tem projetos e uma larga experiência política. O Marroni já foi deputado, recentemente foi presidente da Trensurb. O outro projeto é de alguém que está chegando novo na política. Isso faz com que o eleitor que no primeiro turno não votou na nossa candidatura, coloque na balança e pese o que vai ser mais importante para nossa cidade, se alguém com experiência, que tem boas relações com o governo federal, o que facilita trazer recursos para nossa cidade, ou alguém que está chegando agora.
Apesar das diferenças ideológicas das candidaturas, tem sido uma campanha saudável e sem agressões. Qual a sua avaliação desse clima?
Em Pelotas temos a tradição de termos campanhas e fazermos política de uma forma diferente do centro do país. Nesta eleição, se decidiu continuar com essa postura, visto que no decorrer do primeiro turno não teve nenhum tipo de agressão em relação à nossa candidatura. Acredito que a política deve ser dessa forma. A violência, a agressão, não vão trazer os benefícios que a população precisa. Temos um problema muito sério, que é a reconstrução da cidade, então de nossa parte não temos tempo para pensar em agressão ou pensar em fake news. Queremos fazer um governo sério, que precisa estar pautado no interesse da nossa população, que se encontra abandonada. Não temos uma zeladoria adequada, nossa saúde está na UTI.
Como vê os apoios políticos que se desdobraram no segundo turno?
Enxergo essa questão com uma importância e uma relevância, porque mesmo partidos diferentes têm, em algum momento, algo em comum. Queremos defender a democracia aqui em Pelotas, porque são projetos diferentes, ideologias diferentes. Nós queremos um governo para o povo, que cuide da cidade, mas também um governo que defenda a nossa democracia. Todos os apoios que chegaram até nós, o principal que temos em comum é defender a democracia na nossa cidade.
Como mulher, qual será seu papel como vice-prefeita?
Eu pretendo ter uma presença muito atuante. Vou estar à disposição do governo onde eu puder colaborar mais. Acho importante também trazer a questão da representatividade. Sou uma professora, para além de ser uma mulher negra, sou cantora, sou das artes, e tenho um compromisso muito grande de fazer a reconstrução da nossa cidade. A reconstrução também passa pela cultura, porque a arte, além de gerar emprego e renda, também gera saúde. Precisamos reconstruir nossa cidade fazendo com que seja uma cidade próspera, uma cidade de oportunidades, e que saiba cuidar bem dos seus e daqueles que vêm de fora.
Como vê o caminho de garantir a representatividade no poder?
Estamos quase em 2025 e ainda precisamos lutar por representatividade em relação às mulheres negras e não negras, de grupos que sempre são colocados numa situação de invisibilidade na nossa sociedade e essas pessoas não são vistas nos espaços. A representatividade de pessoas com deficiência, e fico muito à vontade em citar essa parcela da nossa sociedade porque sou uma professora de música que dou aula para pessoas com deficiência visual e deficiências múltiplas. A representatividade é algo em que precisamos atravessar barreiras, mostrar para a sociedade o quanto podemos estar em todos os espaços, principalmente nos espaços de tomada de decisão e de poder.
Como superar o desgaste do poder público em Pelotas e as diferenças trazidas pela eleição?
O desgaste político faz com que as pessoas se sintam, para além de abandonadas, desiludidas com a política. Para superarmos, precisamos fazer nosso plano dar certo, criarmos políticas públicas e buscar recursos junto ao governo federal para colocar nossa zeladoria em dia, arrumar as ruas, termos postos de saúde com médicos, equipes completas, entre outras coisas que a cidade precisa. Quanto à polarização, entendemos que quando alguém é eleito, vai governar para todos. A gestão não vai ter polarização e nem tem como governar só para um lado da cidade. Essa barreira vamos conseguir vencer através de diálogo e mostrando o resultado do nosso trabalho.
Qual vai ser o primeiro ato de gestão?
Uma das coisas que vamos fazer é um grande mutirão de limpeza na cidade. As enchentes afetaram várias regiões da cidade, principalmente o Laranjal. Precisamos começar com a limpeza, rever alguns contratos. Também precisamos dar atenção ao atendimento básico. Uma das questões que as pessoas mais nos colocam é a saúde. Temos muita coisa para fazer ao mesmo tempo, e vamos conseguir fazer para mostrar que estamos dispostos a trabalhar e reconstruir a nossa cidade.
Como conquistar voto de quem não foi no primeiro turno?
Acredito que essas pessoas estão desiludidas com a política, outras, por motivos particulares, acabam não chegando na hora da votação. A estratégia é conversar com esse eleitor, mostrar nosso programa e as possibilidades reais que temos de trazer recursos para a cidade. Contar também com a experiência do nosso candidato a prefeito, mostrar para as pessoas que ele não é um aventureiro. É um pelotense que ama nossa cidade, assim como eu, que sou pelotense e amo minha cidade, e queremos fazer o nosso melhor junto com toda a população para reconstruir Pelotas.