A história contada pela reportagem de A Hora do Sul que mostra uma placa cinquentenária do Clube Comercial sendo vendida a R$ 5 no Centro da cidade é mais um capítulo na trajetória de derrocada da imponente instituição. Por mais que se fale em retomada, reforma e tudo mais, é visível que hoje o imponente prédio que ocupa meio quarteirão no coração da cidade se tornou um problema de segurança, um risco estrutural e uma mancha na preservação histórica das memórias da nossa comunidade.
Chega a ser utópico imaginar uma retomada. As tentativas de reconstruir o prédio em ruínas nunca saíram do papel, muito por falta de apoio. O que já foi glamour, hoje é problema. Os vidros quebrados, portas arregaçadas e depredações aos montes expõem que a estrutura, supostamente tombada e que deveria ser preservada, é mais risco do que memória. Tomar uma decisão sobre o que fazer é urgente. Quantos anos mais a situação vai ficar assim? Quanto tempo mais o entorno dele vai temer a criminalidade e até o perigo de um acidente de grandes proporções? É urgente ações que contornem, ou pelo menos estanquem, o que hoje é uma vergonha para quem passa pela Anchieta, Neto e Félix.
A reportagem do A Hora do Sul tentava resgatar a placa quando ela foi vendida por apenas R$ 5. Informações detalhadas sobre a situação foram passadas à Secretaria da Cultura. Porém, é surreal lembrar que não é a primeira vez que a criminalidade leva patrimônios históricos. Só lembrar que a Bibliotheca Pública teve que trancar placas nos porões. Na Coronel Pedro Osório, virou normal ver pichações. Patrimônios como a carta-testamento e o busto de Getúlio Vargas sumiram para sempre. E assim se vai.
Pelotas tenta viver de história em alguns momentos, ao mesmo tempo que esquece de cuidar dela. Passa pelo poder público, privado, entidades e cidadãos reforçar esse cuidado. Uma de nossas grandes riquezas é a memória.