O pleito em Santa Vitória do Palmar deverá ser contestado judicialmente pela oposição, após as polêmicas na reta final de campanha envolvendo, principalmente, o petista Cláudio Pereira Batata.
Além da impugnação da candidatura de Batata, a oposição cita possível compra de votos, boca de urna e intimidações dos emedebistas, que elegeram André Selayaran como sucessor de Wellington Bacelo.
Segundo colocado reúne evidências
Cristian Vieira Duarte (PSDB), o segundo mais votado no pleito com 45,53% dos votos, contra 50,14% de Selayaran, encaminhou fotos e vídeos com suposta boca de urna e compra de votos ao Ministério Público Eleitoral. A expectativa do tucano é de que possa haver uma ação judicial para impugnar o resultado das eleições e a convocação de um novo pleito.
A reportagem teve acesso a um dos vídeos que circula pelas redes sociais, que mostra um assessor da prefeitura conversando com um homem na rua e lhe entregando, possivelmente, notas de dinheiro. Não há, no entanto, comprovações de que o fato tenha sido no dia da eleição ou que tenha relação com o pleito.
De acordo com o tucano, além das possíveis evidências de compra de votos, teria havido disparo de fake news em relação à candidatura de Batata, o que fez com que eleitores digitassem o 13 nas urnas – votos que foram anulados devido à renúncia do petista.
“São muitas fotos, vídeos e comprovações, fatos que aconteceram através de decisões judiciais por parte do próprio Supremo, muitas fake news antes das eleições”, diz Cristian à reportagem. “Todo o processo que transcorreu dias antes da eleição pode, sim, ter influenciado direto no resultado”, completa o tucano.
Possível intimidação do prefeito
Cristian Duarte também contesta a atuação de Bacelo, atual prefeito, como fiscal do MDB em uma seção eleitoral, classificando-a como ato de intimidação aos eleitores.
“Nunca tinha visto prefeito de fiscal, inclusive ele faltou com respeito a uma fiscal da nossa coligação. Foi chamada a Polícia Federal e ele não queria se retirar, e quando se retirou foi às ruas e seguiu circulando nos locais de votação”, dispara.
Bacelo respondeu à reportagem que não tem conhecimento das alegações de boca de urna e compra de votos. Sobre possíveis atos intimidatórios, o emedebista nega e afirma que exerceu seu direito de cidadão enquanto fiscal.
“Em nenhum momento foi feito qualquer tipo de registro por escrito de que não estaria me comportando como descreve o cargo de fiscal, tanto que autorizaram minha permanência no local”, minimiza o prefeito. “Entrar com ações judiciais contra o resultado das eleições já é uma prática comum da oposição, fizeram em 2016 e 2020”, finaliza Bacelo.
Batata dispara contra STF
Batata, ex-prefeito do município, teve a candidatura impugnada pelo STF em decisão do ministro Alexandre de Moraes na segunda-feira anterior ao pleito. Entrou com recurso, negado na quinta-feira, renunciou à candidatura na sexta e, no sábado, teve liberação pelo magistrado.
Após renunciar à candidatura, Batata manifestou apoio ao candidato tucano, Cristian Vieira Duarte, o que não foi suficiente para a oposição vencer o pleito. Selayaran venceu por margem de pouco mais de 700 votos – de acordo com o TSE, houve 607 votos nulos.
O petista afirma que está em contato com o setor jurídico para entrar com pedido de impugnação do resultado das eleições. “O pleito foi completamente prejudicado, uma decisão monocrática, sem ouvir o Ministério Público e sem me dar quase nenhuma possibilidade de recurso. [Uma decisão] autoritária e violenta do ministro Alexandre de Moraes contra a minha candidatura”, dispara Batata.
“Ocorreu uma interferência indevida, descabida e fora de ordem, que beneficiou quem estava no governo. A eleição de Santa Vitória está totalmente maculada e eu não aceito o resultado. Não é coisa de mau perdedor, mas de quem foi injustiçado. Vamos recorrer”, conclui o petista.
PSOL levou ação adiante
Integrantes da campanha de Batata voltaram a carga contra o PSOL, que levou adiante o processo judicial pela impugnação do petista. Gerou uma situação curiosa: colocou os dois partidos de esquerda em lados opostos e jogou o PT ao lado do PSDB, rival histórico nos cenários nacional e estadual.
“Quem tomou a iniciativa de judicializar a eleição foi o PT e o candidato Batata. Nós do PSOL apenas levamos essa decisão para apreciação do Supremo Tribunal Federal, dado que sempre soubemos que condenação por improbidade administrativa dolosa [como afirmam ser o caso de Batata], com prejuízo ao erário e enriquecimento ilícito acarreta suspensão de direitos políticos do agente público”, diz André Rota Sena, candidato à prefeitura pelo partido.
Segundo ele, que obteve 4,33% dos votos, não há intenção de apoiar ações que impugnem o resultado da eleição. “Ao que parece é mais um disparate do candidato Batata que renunciou à candidatura na véspera da eleição para apoiar o PSDB do governador Eduardo Leite”, conclui André.