Oposição deve contestar judicialmente pleito em Santa Vitória do Palmar

Eleições 2024

Oposição deve contestar judicialmente pleito em Santa Vitória do Palmar

Candidato do PSDB encaminhará ao Ministério Público supostas evidências de compra de votos e boca de urna

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Atualizado segunda-feira,
14 de Outubro de 2024 às 21:42

Oposição deve contestar judicialmente pleito em Santa Vitória do Palmar
Selayaran (E) foi eleito com apoio do atual prefeito, Wellington Bacelo (D). (Foto: Divulgação)

O pleito em Santa Vitória do Palmar deverá ser contestado judicialmente pela oposição, após as polêmicas na reta final de campanha envolvendo, principalmente, o petista Cláudio Pereira Batata.

Além da impugnação da candidatura de Batata, a oposição cita possível compra de votos, boca de urna e intimidações dos emedebistas, que elegeram André Selayaran como sucessor de Wellington Bacelo.

Segundo colocado reúne evidências

Cristian Vieira Duarte (PSDB), o segundo mais votado no pleito com 45,53% dos votos, contra 50,14% de Selayaran, encaminhou fotos e vídeos com suposta boca de urna e compra de votos ao Ministério Público Eleitoral. A expectativa do tucano é de que possa haver uma ação judicial para impugnar o resultado das eleições e a convocação de um novo pleito.

A reportagem teve acesso a um dos vídeos que circula pelas redes sociais, que mostra um assessor da prefeitura conversando com um homem na rua e lhe entregando, possivelmente, notas de dinheiro. Não há, no entanto, comprovações de que o fato tenha sido no dia da eleição ou que tenha relação com o pleito.

De acordo com o tucano, além das possíveis evidências de compra de votos, teria havido disparo de fake news em relação à candidatura de Batata, o que fez com que eleitores digitassem o 13 nas urnas – votos que foram anulados devido à renúncia do petista.

“São muitas fotos, vídeos e comprovações, fatos que aconteceram através de decisões judiciais por parte do próprio Supremo, muitas fake news antes das eleições”, diz Cristian à reportagem. “Todo o processo que transcorreu dias antes da eleição pode, sim, ter influenciado direto no resultado”, completa o tucano.

Possível intimidação do prefeito

Cristian Duarte também contesta a atuação de Bacelo, atual prefeito, como fiscal do MDB em uma seção eleitoral, classificando-a como ato de intimidação aos eleitores.

“Nunca tinha visto prefeito de fiscal, inclusive ele faltou com respeito a uma fiscal da nossa coligação. Foi chamada a Polícia Federal e ele não queria se retirar, e quando se retirou foi às ruas e seguiu circulando nos locais de votação”, dispara.

Bacelo respondeu à reportagem que não tem conhecimento das alegações de boca de urna e compra de votos. Sobre possíveis atos intimidatórios, o emedebista nega e afirma que exerceu seu direito de cidadão enquanto fiscal.

“Em nenhum momento foi feito qualquer tipo de registro por escrito de que não estaria me comportando como descreve o cargo de fiscal, tanto que autorizaram minha permanência no local”, minimiza o prefeito. “Entrar com ações judiciais contra o resultado das eleições já é uma prática comum da oposição, fizeram em 2016 e 2020”, finaliza Bacelo.

Batata dispara contra STF

Batata, ex-prefeito do município, teve a candidatura impugnada pelo STF em decisão do ministro Alexandre de Moraes na segunda-feira anterior ao pleito. Entrou com recurso, negado na quinta-feira, renunciou à candidatura na sexta e, no sábado, teve liberação pelo magistrado.

Após renunciar à candidatura, Batata manifestou apoio ao candidato tucano, Cristian Vieira Duarte, o que não foi suficiente para a oposição vencer o pleito. Selayaran venceu por margem de pouco mais de 700 votos – de acordo com o TSE, houve 607 votos nulos.

O petista afirma que está em contato com o setor jurídico para entrar com pedido de impugnação do resultado das eleições. “O pleito foi completamente prejudicado, uma decisão monocrática, sem ouvir o Ministério Público e sem me dar quase nenhuma possibilidade de recurso. [Uma decisão] autoritária e violenta do ministro Alexandre de Moraes contra a minha candidatura”, dispara Batata.

“Ocorreu uma interferência indevida, descabida e fora de ordem, que beneficiou quem estava no governo. A eleição de Santa Vitória está totalmente maculada e eu não aceito o resultado. Não é coisa de mau perdedor, mas de quem foi injustiçado. Vamos recorrer”, conclui o petista.

PSOL levou ação adiante

Integrantes da campanha de Batata voltaram a carga contra o PSOL, que levou adiante o processo judicial pela impugnação do petista. Gerou uma situação curiosa: colocou os dois partidos de esquerda em lados opostos e jogou o PT ao lado do PSDB, rival histórico nos cenários nacional e estadual.

“Quem tomou a iniciativa de judicializar a eleição foi o PT e o candidato Batata. Nós do PSOL apenas levamos essa decisão para apreciação do Supremo Tribunal Federal, dado que sempre soubemos que condenação por improbidade administrativa dolosa [como afirmam ser o caso de Batata], com prejuízo ao erário e enriquecimento ilícito acarreta suspensão de direitos políticos do agente público”, diz André Rota Sena, candidato à prefeitura pelo partido.

Segundo ele, que obteve 4,33% dos votos, não há intenção de apoiar ações que impugnem o resultado da eleição. “Ao que parece é mais um disparate do candidato Batata que renunciou à candidatura na véspera da eleição para apoiar o PSDB do governador Eduardo Leite”, conclui André.

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