Quem assumir a prefeitura de Pelotas em janeiro de 2024 já vai largar tendo que correr atrás de um déficit projetado de R$ 191,7 milhões. É uma parcela enorme do orçamento, previsto em R$ 1,898 bilhão. Na conta, o gasto é de R$ 2,090 bilhões. Embora menor que o previsto para este ano, é mais um ano com contas no vermelho. Apesar da justificativa ser aceitável, já que o município ainda lida com resquícios da pandemia, das enchentes e da redução de impostos, o eleito irá começar o mandato já com dor de cabeça.
A abordagem distante de Fernando Marroni (PT) e Marciano Perondi (PL) faz parte, ainda, do jogo eleitoral. O petista acena ao PSDB, em tentativa de rever o apoio obtido na eleição de 2022 e, por isso, evita criticar as contas. O liberal, fazendo uso da estratégia que o colocou no segundo turno, critica a gestão Paula Mascarenhas a fundo. Porém, passado isso e definido o vencedor, é sabido que o prefeito vai ter que lidar com uma divisão do bolo fiscal que é sempre injusta com a parte mais fraca, os municípios.
Os argumentos apontados pela gestão atual fazem sentido. Os recursos para o pós-enchente dão gás à população, mas não à estrutura de governo. Houve significativa queda na arrecadação do ICMS, mesmo ponto sofrido em 2022. Na pandemia, também. Depender de poucos recursos e de regras do jogo que podem ser mudadas durante as partidas, como o caso da divisão de recursos que pode ser alterada a partir de um canetaço em Brasília, foi o calcanhar de Aquiles dos prefeitos do país inteiro nos últimos anos.
Por isso, neste momento de amplas propostas e soluções é importante cobrar que os candidatos saiam do discurso e apresentem soluções. Marroni se apoia muito em Lula e na fé de que uma dobradinha do PT pode ajudar. Perondi fala em desenvolvimento econômico e diz que conversa com Deus e o mundo. Mas tudo isso é discurso. A solução prática vai ser vista só no Paço Municipal a partir de janeiro. E cabe torcer que seja eleito quem consiga colocar isso em funcionamento para conseguir, para 2026, equilibrar as contas.