“Tenho o trabalho de derrubar três Golias”, diz Bacci sobre viabilidade eleitoral
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Sexta-Feira22 de Novembro de 2024

Eleições 2024

“Tenho o trabalho de derrubar três Golias”, diz Bacci sobre viabilidade eleitoral

Candidato do PDT em chapa pura projeta melhorias na gestão de saúde e educação, além de isenção fiscal às empresas em Pelotas

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Atualizado segunda-feira,
14 de Setembro de 2024 às 21:42

“Tenho o trabalho de derrubar três Golias”, diz Bacci sobre viabilidade eleitoral
Reginaldo Bacci se coloca como uma alternativa diferente à prefeitura. (Foto: Heitor Araujo)

Pelo PDT, Reginaldo Bacci se considera um “Davi contra Golias” nesta eleição municipal em Pelotas. O advogado tem ao seu lado, em chapa pura, a candidata a vice Graziela Ramalho. Na segunda rodada de entrevistas ao A Hora do Sul, o pedetista posicionou-se como alternativa “diferente” ao Paço Municipal, e promete zerar a fila nas creches e nos atendimentos de saúde no primeiro ano, caso eleito, além de oferecer isenções fiscais para atrair empresas à cidade.

Qual a avaliação sobre o cenário eleitoral a menos de duas semanas para as eleições?

Temos o candidato da situação, que vem dizendo que qualquer proposta mais moderna e diferente é ‘lunática’ ou que qualquer crítica é apocalíptica. Eu diria que ele representa a candidatura do atraso. Outras candidaturas já foram experimentadas e já sabemos o que podem ou não fazer por Pelotas. A nossa candidatura, de um pelotense crescido na baixada, que conhece a periferia e ama a cidade, é diferenciada. Nosso papel é resgatar a nossa Princesa do Sul.

PDT tem uma campanha sem coligação. Qual a viabilidade eleitoral de furar a bolha?

Já furamos a bolha. PT, PL e PSDB são três grandes Golias. Quem tem Deus no coração sabe que Davi derrubou um Golias, e eu tenho o trabalho de derrubar três. Tenho o povo do meu lado, e o povo já compreendeu que nós podemos ganhar as eleições porque temos as melhores propostas. A vontade do povo é que determina, não as pesquisas falaciosas, o dinheiro ou o tempo de televisão.

Hoje em dia, o Legislativo tem um poder grande. Como garantir governabilidade e diálogo com a Câmara?

Dificilmente alguém terá maioria na Câmara nesta eleição. A democracia é muito além do que a gente conhece de Legislativo e Executivo. Tenho quatro critérios básicos: diálogo permanente, transparência nos dados, construção coletiva e consenso progressivo, ir construindo-o aos poucos. A gente tem instrumentos constitucionais que permitem participação ativa da população, o referendo e o plebiscito, se necessário for.

Quais pautas prioritárias poderiam ser definidas por plebiscito?

Todas aquelas que não houver a compreensão do Legislativo sobre a necessidade imperiosa da população. Tenho relação com vários candidatos a vereador. Sei que eles vão compreender que a partir de 2025 existe outro prefeito e outra forma de governar, que não passa pela tradição de negociação de governabilidade, mas pela construção coletiva. Pelotas tem uma dívida de R$ 1,2 bilhão, temos que ter responsabilidade para recuperar o equilíbrio fiscal e a nossa capacidade de investimento. Os vereadores sabem dessa necessidade, que vamos ter que cortar na carne.

Quais as áreas que necessitam de políticas públicas para atrair investimentos a Pelotas?

A agroindústria de Pelotas precisa ser mais ativa e atender às demandas dos consumidores. Na saúde, existe o hub do Parque Tecnológico com a Lifemed e UFPel, dá para ampliá-lo com recursos do governo federal. Na construção civil, temos que estimular [o setor] ainda mais para gerar mais empregos, atendendo à necessidade habitacional, já que Pelotas tem o maior déficit de habitação do interior do Estado. Queremos ter uma agenda de janeiro a dezembro de entretenimento, cultura e turismo, um investimento baixo para um retorno rápido. Inovação e tecnologia terão o nosso maior cuidado, porque temos mão de obra suficiente e capacitada nessa área. Estamos exportando talentos, temos que mantê-los aqui. As políticas públicas são duas: ter o distrito industrial municipal urbanizado e política tributária, inclusive abrindo mão de ICMS por um tempo e tributos municipais, se for o caso.

Como avançar na infraestrutura e evitar os problemas cotidianos enfrentados na cidade?

Eu viajei o mundo, conheço dezenas de países e existem soluções, como o estabilizador de solo. Passa a máquina na terra, aplica o produto e ele estabiliza a estrada e não faz mais buraco, com garantia de cinco anos, no mínimo, podendo durar de dez a 15 anos. É uma nanotecnologia aplicada em vários lugares no Brasil e exterior, que talvez ninguém em Pelotas conheça. Tecnologia, inovação, nanotecnologia sustentável que vamos trazer a Pelotas, porque não ficamos os últimos 38 anos sentados em loja atendendo ou em algum cargo público tipo papagaio de pirata [referência a candidatos adversários].

Como enfrentar os eventos climáticos, não só das águas da lagoa e do canal, mas dos alagamentos internos da cidade?

Falta limpeza nos bueiros e galerias e não estão dragando os canais. É um descaso com a população de Pelotas. Além da limpeza, é preciso ter canais de drenagem, lagoas de drenagem separando o que é esgoto do que é água pluvial. Há necessidade de aumentar a cota do dique do engenho, ampliando ao longo do São Gonçalo e passando por trás do Santa Bárbara, para proteger o Simões Lopes. Há necessidade da construção de um dique de verdade entre o Valverde e o Pontal da Barra, que passe pela casa de bombas da Nova Prata e siga até quase a avenida Rio Grande do Sul. Precisa ampliar o calçadão do Laranjal, com pedras que protegem a entrada da água nas praias. Temos que ter o cuidado especial com a Z-3, há uma área de trabalho na Divineia que requer a dragagem, e aumento dos molhes. Temos que discutir no plano municipal como colocar as famílias das áreas mais baixas para as áreas mais altas, e fazer nova estrada à Z-3, que seja uma solução perene.

Qual a perspectiva de organização do novo Hospital de Pronto Socorro em Pelotas?

Não tem geladeira na UBS, então a mãe não consegue levar o filho para ser vacinado. Não conseguimos equipar adequadamente as 56 UBS, o atual Pronto Socorro é um caos e ainda teve os desvios apontados pelo MP. Como a gente vai fazer a gestão do novo Pronto Socorro Regional, com 110 leitos? Como será pago o custeio? Fazer obra é um show, uma beleza, eles adoram fazer, porque todo mundo tá ganhando. Chegam equipamentos, tranquilo, com recursos federais e estaduais. Mas e os médicos, enfermeiros, nutricionistas, atendentes? Quem vai bancar, se não temos recursos para bancar minimamente as nossas equipes? Não seria mais inteligente contratar leitos, por exemplo, da Santa Casa, que tem várias alas vazias?

Como reestruturar as UBS e suprir os problemas citados?

É simples. Pelotas tem hoje mais de 56 mil pessoas na fila do SUS, esperando consulta, exame ou procedimento. Além de estruturar e colocar pessoal e equipamentos necessários em cada UBS, precisamos desafogar a fila. É possível fazer um mutirão, desde que os médicos recebam para isso. Estamos dispostos a investir, fazer esse grande mutirão nos primeiros 150 dias de gestão, chamando médicos para liquidar ou reduzir drasticamente as filas, pagando produtividade. O dinheiro sai de onde? Se tirássemos 400 CCs, teríamos economia de R$ 3 milhões por mês, que vamos usar para a saúde. Vamos contratar uma plataforma digital de assistência à saúde, que permite reduzir despesas. Impedirá, inclusive, a corrupção em qualquer unidade de saúde.

Pelotas tem fragilidade nas vagas de educação infantil e infraestrutura de algumas escolas. Como solucionar esses problemas?

Fico impressionado como os candidatos têm a mesma solução. ‘Vamos construir UPAs, UBS, escolas’, dizem. Isso é balela, não precisa construir nada. Temos que pegar as escolas fundamentais, grandes, reformar e adequar áreas para a educação infantil e imediatamente colocar o aluno lá. Não posso ter mais de mil crianças fora da educação infantil. Esperar licitar para construir, enquanto crianças estão perdendo o espaço? É um absurdo. A garantia de um futuro para o país passa por adultos que sejam qualificados e preparados para o mundo. O PDT vai garantir o programa de segurança alimentar para crianças de 0 a 12 anos em todas as escolas públicas, para elas terem a alimentação adequada para que possam desenvolver do ponto de vista intelectual e motor sem nenhum prejuízo ao seu futuro e ao futuro de Pelotas.

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