O que seria uma notícia triste para os frequentadores da casa da José do Patrocínio, 8, virou uma série de celebrações, que prometem propiciar reencontros e deixar a galera com vontade de logo matar as saudades do “velho” Galpão Satolep. O espaço de eventos, iniciativa dos sócios fundadores Mano Val Robe e Rafael Coelho, vai mudar de sede e a primeira festa de despedida ocorre neste sábado (14), pós 23h59min, com A última boate do Direito. Como ele fazia na década de 1980, Itiberê Rodrigues será o responsável pelo som da noite inteira. O evento tem a parceria do Centro Acadêmico Ferreira Vianna (CAFV/UFPel). Ingressos no site Sympla.
Robe conta que é uma grande alegria receber Itiberê Rodrigues e relembrar as festas da Boate do Direito. “As minhas influências sempre foram DJ Helô, a boate do Direito e o Mafuá das Artes que me formaram enquanto jovem, que depois viria ser um produtor cultural. O Rafael, que sempre tocou em muitas bandas de rock, também vem desse campo cultural. Por isso a gente acha que tem tudo a ver esse primeiro ato de despedida ser dentro desse som que nos moldou e está na nossa essência”, comenta Robe.
Fundado em 2005, as festas do Galpão estão na história de uma geração em Pelotas. “É uma história que a gente acha que merece ter continuidade, pelo Galpão ser um espaço de cultura da paz, um espaço antirracista, que a comunidade LGBT abraçou. São muitos elementos que nos fazem crer que temos relevância e resposta de público, o que nos faz querer continuar essa história”, explica Robe.
Danças na “piscininha”
A boate do Direito nasceu em 1979 por iniciativa do Centro Acadêmico Ferreira Vianna, quando foi liberado o retorno do movimento estudantil na Universidade Federal de Pelotas (UFPel). A festa funcionou no prédio anexo à Faculdade de Direito, que pertencia ao CA, na rua Félix da Cunha, 363, atualmente cedido para outra iniciativa da Universidade.
Reformada a casa passou a abrigar o CA em uma sala da frente e a boate no restante do espaço. Uma das características do espaço era a pista com piso rebaixado, que quando chovia ficava cheia de água, o que resultou no apelido “piscininha”. Atualmente professor da Faculdade de Direito, Itiberê Castellano Rodrigues, foi o “cara do som” por cinco anos. “A gente tentava colocar um som não comercial, era uma Odonto (comparação com outra famosa boate do período) radicalizada, mais alternativa”, diz. Aluno da graduação entre 1983 e 1987, Rodrigues e o amigo Hélio Oliveira foram os responsáveis pela música de 1985 a 1988.