A professora Daniela Brizolara (PSOL) é candidata a vice-prefeita de Pelotas na chapa de Fernando Marroni (PT). Ela é a primeira entrevistada do A Hora do Sul na rodada de conversas com os candidatos a vice.
O PSOL sempre teve candidaturas independentes em Pelotas. Como foi essa aproximação com o PT para essa eleição?
Alinhando com o cenário nacional e visualizando a conjuntura política aqui de Pelotas, os partidos sentiram essa necessidade de ter uma união e lançar a Nova Frente Popular, buscando também o que nós tínhamos em comum, que é buscar uma reconstrução para nossa cidade. O que nos aproxima é a vontade de reconstruir Pelotas, uma cidade que todos nós amamos, porque estamos aqui, vivemos aqui e queremos o melhor para nossa cidade e para nossa população. Chegamos a um consenso de que esse não seria o momento de termos uma candidatura própria, e sim unirmos forças.
Como surgiu a escolha pelo teu nome como vice?
Em 2016 eu fui a quarta candidata a vereadora mais votada do PSOL, depois em 2020 meu nome surgiu como vice da nossa candidatura, quando Júlio Domingues foi candidato a prefeito. Esse momento demonstrou a responsabilidade do PSOL em colocar uma chapa majoritária com duas pessoas negras. Desta vez, a direção, junto com os militantes, na possibilidade de três nomes para serem escolhidos, chegou-se ao entendimento de que meu nome seria bem-vindo para representar o PSOL.
Falando de representatividade, como mulher negra, qual a importância da sua candidatura?
A representatividade com certeza é importante. A Dani Brizolara é uma mulher negra, então representa o povo negro que com seu trabalho ajudou a construir essa cidade. Também é professora, então também representa a educação, professora de música graduada pela UFPel, professora de pessoas com deficiência. Me sinto muito confortável de representar também essas pessoas. É importante para as mulheres negras e não negras, porque existe uma luta para que as mulheres estejam em espaços de poder e de tomada de decisão. Em 2024, as mulheres ainda encontram muitos obstáculos para estar nesses espaços. Eu englobo a possibilidade de representar vários segmentos, e num possível governo, vai ser um divisor de águas.
Qual seria seu papel como vice? Pretende assumir alguma secretaria?
Vou buscar dar minha colaboração da melhor forma possível. Se for numa secretaria, vou me dedicar. Algumas pessoas já me perguntaram onde eu gostaria de atuar, se na secretaria de cultura, porque sou muito ligada à cultura. Além de professora sou cantora, sou sambista, ligada ao carnaval, já fui do conselho de cultura. Depois que conversarmos, talvez seja um caminho natural. O importante primeiro é chegarmos, conhecermos a casa e ver onde eu poderia me colocar para contribuir.
Dentro das suas bandeiras, como a cultura e a inclusão, quais são as principais fragilidades de Pelotas?
Em algum momento todos esses pontos se cruzam em relação às suas fragilidades. A educação é um tema que deve ser tratado com muito carinho e muita responsabilidade. Temos uma carência de vagas, por exemplo, na educação infantil. É um tema que me é muito caro, por ser professora e por conhecer a realidade da nossa educação. Precisamos ter a responsabilidade de buscar políticas públicas, projetos junto ao governo federal e não podemos cair no erro, como a atual gestão que perdeu alguns prazos, como o do Minha Casa Minha Vida. Para conseguirmos cuidar da infraestrutura e das questões sociais, a gente precisa buscar as políticas públicas. As pessoas precisam ter condições de morar nos seus bairros com dignidade, e para isso a gente precisa infraestrutura. As pessoas têm que ter o seu direito ao lazer, que também traz saúde.
Quais as alternativas para o desenvolvimento de Pelotas?
Não tem como falar em desenvolvimento econômico se não for um desenvolvimento responsável, que pense com muita seriedade sobre as mudanças climáticas. Tivemos em maio todo problema das enchentes e a gente sabe que muitas coisas que aconteceram em determinados bairros foram em função de algumas áreas que tiveram um crescimento desenfreado, que não considerou o cuidado que precisaria ter com o meio ambiente. A gente precisa escutar os cientistas e os profissionais dessa área para conseguirmos ter o desenvolvimento que Pelotas merece.