Cerca de 50 pessoas, entre amigos e familiares, protestaram em frente ao Foro de Pelotas, exigindo respostas ao assassinato do músico Marcelo Borges, no dia 29 de junho, na região central do município.
Familiares afirmam que o sentimento é de revolta perante a falta de diálogo com a Polícia Civil, que investiga o caso por meio da Delegacia de Homicídios, e com o Ministério Público.
A viúva de Marcelo, a doméstica de 35 anos, Gisele Pereira Ribeiro, emocionou-se ao relembrar do caso durante o protesto no meio da tarde desta sexta-feira.
“A justiça tem que ser feita. O mínimo que eles nos devem é uma resposta, a gente quer que eles nos ouçam. Não vamos esperar, vamos às ruas e pedir que os assassinos sejam presos”, disse.
“A polícia não nos fala nada, só pede para aguardar porque o processo está em andamento. Faz mais de 60 dias [do crime] e até hoje ninguém foi preso. Estamos no esquecimento. Não queremos que seja mais um [assassinato] em esquecimento em Pelotas.”
Sentimento de impunidade
A irmã de Marcelo, a doméstica Lucimara Conceição Borges, 37 anos, diz ter o sentimento entre a tristeza e a revolta. A sensação, afirma, é de “impunidade” com o caso.
“Meu irmão era maravilhoso, não tinha inimigos, se dava com todo mundo. Ele estava no lugar errado e na hora errada. Quem fez isso com ele está solto, livre, passeando com pai e mãe. E a nossa família, como fica? Queremos que as autoridades nos enxerguem e prendam os bandidos”, disse.
Segundo Gisele, a falta de respostas e ausência de punição aos bandidos aumentou o trauma sofrido pela família. “Tenho um filho de 18 anos que não sai mais para a rua. Temos três filhos juntos [com Marcelo] e eles não querem sair para a rua para estudar. Ninguém nos deu retorno e buscou contato para prestar solidariedade, até hoje”, emocionou-se.
O caso
No dia 29 de junho, um sábado, Marcelo Borges ia se apresentar com uma banda de pagode em casa noturna na rua 15 de Novembro, centro de Pelotas. Por volta das 3h, criminosos passaram em um carro e efetuaram diversos disparos contra o local. O músico, de 36 anos, foi uma das duas vítimas, junto à recepcionista Isabel Gouvea, de 19 anos.
Familiares de Marcelo afirmam que a polícia já sabe quem são os autores, que seriam envolvidos em facções criminosas e tinham outro alvo na ação. “O Marcelo foi vítima de bala perdida. Ele ia trabalhar, tocar na festa. Sabemos que tinham câmeras perto do estabelecimento. Certamente eles [polícia] sabem quem é, não sei por que a demora para ir atrás dos criminosos”, desabafou a viúva Gisele.
Respostas
O promotor Márcio Schlee respondeu à reportagem que o MP aguarda a conclusão das investigações da Polícia Civil sobre o crime. “[A promotoria está] aguardando o desdobramento para a elucidação da autoria e remessa do inquérito com indiciamento. Feito isso, formalizaremos a acusação contra os possíveis réus”, detalhou.
O delegado Félix Rafanhim respondeu que, após o protesto, entrou em contato com os familiares. Devido às investigações, o delegado afirmou não poder dar detalhes sobre o caso.