Fernando Estima é candidato a prefeito de Pelotas pelo PSDB. Com Michele Alsina (UB) como vice, a chapa tucana busca dar continuidade aos doze anos de governo do partido no município. Estima é o primeiro convidado de uma rodada de entrevistas com os candidatos à prefeitura de Pelotas. Na terça-feira (13), será publicada a entrevista de Reginaldo Bacci (PDT).
Por que ser prefeito de Pelotas?
Eu entendo a paixão que a gente tem por Pelotas. Eu e minha família somos gratos a Pelotas e acho que a gente pode colaborar. Eu passei 38 anos aqui, 32 como empresário, alguns outros anos ajudando o poder público, e nós temos uma cultura de pequenos negócios, que tem uma coisa que serve pra tudo: todos os meses a conta tem que fechar, os nossos clientes têm que estar satisfeitos com o que a gente está fazendo. Estamos tentando levar isso a uma escala maior.
Tive algumas experiências de administrar, aqui como secretário de desenvolvimento, no Estado administrando os portos. Lidar com números maiores ou menores não é o problema, você tem que usar uma metodologia de gestão melhor para tudo. Então a gente tá percebendo a nossa maturidade, o momento que o município está, o que ele tem que enfrentar, e nós vamos poder aplicar ideias diferentes, mesmo sendo um governo de evolução.
O PSDB está há 12 anos no governo de Pelotas. O que será mantido e o que será mudado?
Eu nunca me senti de um único partido. Eu acho que o meu partido principal está em Pelotas. Reconheço que quem me deu espaço foi o PSDB. Tive quatro anos com o Eduardo (Leite, prefeito de 2013 a 2016) e três eu não fui filiado. Agora estamos falando de dez partidos que se uniram, e sobrou os dois extremos e alguma opção mais.
Eu acredito que todos que conseguimos envolver têm um compromisso muito forte com Pelotas. Estou muito contente com a construção política que fizemos e não me sinto um representante exclusivo do PSDB. Eu me sinto um representante de um conjunto de ideias que somam esses dez partidos.
O que muda de uma experiência de gestão no setor privado para uma entrada na política?
Eu aprendi que em tudo a gente faz política, nas nossas casas, na empresa, quando você tem que convencer não só os clientes, mas os teus colaboradores. Já se foi a hora que você mandava e todo mundo obedecia, hoje é uma relação de confiança. Então acho que estar mais politizado agora me dá uma condição de aplicar algumas lógicas da iniciativa privada.
Quais são os principais problemas de Pelotas hoje?
O governo tem um legado de feitos, desde a iluminação pública. Mas é verdade que se tem uma defasagem de investimento durante os anos em que a cidade construiu e evoluiu sem os critérios que nos últimos governos têm
. Ninguém mais progride com construção se não tiver uma via adequada, se não tiver saneamento, uma calçada. O déficit de mais de 1,2 mil quilômetros sem a infraestrutura adequada traz essa percepção de que a zeladoria tem que melhorar bastante. Temos que melhorar a capacidade de fazer bem feito microdrenagem, drenagem, asfaltamento, trazer projetos claros.
Neste ano a prefeitura tem um déficit de R$ 282 milhões. Como governar a partir de 1º de janeiro?
Estamos falando de uma cidade que tem R$ 1,2 bilhão de faturamento bruto. R$ 300 milhões é uma conta alta, mas nós já passamos por empresas e sabemos que com alguma economia e um esforço conjunto nós colocamos esse caixa em dia no primeiro ano, contendo despesas e apostando naquilo que é prezado de desenvolvimento e cobrando os ativos pendentes. E tem estratégias, por exemplo, trocar dívidas de curto prazo para longo prazo com juros menores.
Os precatórios você pode antecipar, financiar com juros menores, trocar uma conta cara por uma mais barata. Nós vamos fazer uma reforma administrativa, não precisamos ter o número total de secretarias e CCs, dá pra reduzir.
Como governar com dez partidos na coligação?
Isso é um direito que a urna vai ter que dar para o prefeito, por isso que as ideias têm que ser claras. Temos que dar exemplo, não precisamos ser donos de rodoviária, que é um monstro de custo elevado, somos donos de cemitério. Tem atividades que vamos estudar e nos retirar.
E o Sanep?
O Sanep para mim não. Teve privatizações bem feitas e outras que foram um horror. Não estou dizendo que sou contra eventualmente uma privatização, mas eu não vejo nenhuma necessidade. A gente tem a chance no saneamento de contar com a experiência do Sanep, mas que já está identificado que não tem capacidade financeira.
Está fechando com a conta positiva, mas isso não é superávit. Estamos devendo metade do saneamento, e com esse superávit vai demorar quantos anos para entregar? Aí vem uma discussão que o nosso ciclo vai permitir, que é locação de ativos, Parceria público-privada.
Como atrair desenvolvimento?
90% do nosso emprego e renda está nos microempreendedores. Temos que facilitar a vida desse pessoal, retomar o microcrédito e dar valor a cada um que gera emprego e renda. Temos que atrair novas empresas, falar de Distrito Industrial. Não podemos ter as universidades que temos e não segurar mais talento aqui.
Tem eixos nessa remodelagem das secretarias que nós vamos mexer. Juventude, mulher e causa animal são pautas muito fortes que a gente tem que dar uma resposta.
Como adaptar Pelotas para a resiliência às mudanças climáticas?
Dentro do nosso plano de governo, vamos buscar a Agenda 2030, os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, e aplicar. Temos que mudar a cultura para o enfrentamento disso. Temos que ter uma consultoria forte, olhar onde é feito isso e quais são as empresas capazes de dizer a proteção que Pelotas tem que ter.