Desde setembro do ano passado, o Grupo de Pesquisa (GP) vinculado ao programa de pós-graduação em Recursos Hídricos da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) realiza o monitoramento da bacia do rio Piratini, projetando com antecipação os níveis que a água pode alcançar com base na previsão do volume de chuvas, entre outros fatores.
Agora, o projeto de aperfeiçoamento do sistema integrado de previsão hidrológica em tempo real foi contemplado com recurso de R$ 80 mil da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do RS (Fapergs). Isso permitirá, inclusive, o prognóstico sobre a extensão dos alagamentos nas ruas dos municípios de Pedro Osório e Cerrito.
O trabalho, em parceria com as defesas civis e as prefeituras das duas cidades, auxilia na tomada de decisões dos gestores em caso de alerta para inundação, assim como a tranquilizar a população em situação de normalidade do rio mesmo diante de grandes precipitações.
Na última cheia, em setembro de 2023, o Piratini alcançou 14 metros, sendo oito metros o nível para o alerta de inundação. Foram 250 casas atingidas e mais de 500 moradores desalojados.
Na época, a previsão de um novo ciclone na região motivou o GP de Hidrologia da UFPel a utilizar seu sistema de previsão, que até o momento era uma ferramenta de estudo para auxiliar os municípios.
“Falamos com 14 horas de antecedência o pico do rio Piratini em setembro do ano passado, qual seria o nível e em que momento ele chegaria”, conta o professor de Engenharia Hídrica, Samuel Beskow. Já a engenharia civil Tamara Beskow complementa sobre a assertividade da ferramenta. “Ele já foi testado muitas vezes e funcionou muito bem em todas elas.”
O Sistema
O Sistema de previsão hidrológica em tempo real e de alerta antecipado para inundações é um software alimentado com diversos dados das características da bacia do rio Piratini, como relevos, tipos de solo, infiltração e vazão de água, junto com o monitoramento de chuvas.
A previsão dos níveis é realizada na ponte entre Cerrito e Pedro Osório, onde ocorre o deságue do curso d’água.
Apesar do funcionamento preciso do sistema, as previsões requerem um amplo trabalho manual, com a inserção de dados, o que despende grande tempo do GP, que realiza o serviço de forma voluntária.
Diante disso, o grupo busca aperfeiçoar a ferramenta, tornando-a mais automatizada. A meta é tornar ela mais precisa, incluindo informações topográficas, que indicariam em quais ruas e que altura a água chegaria dependendo do nível do rio. “A gente quer que as prefeituras tenham uma tela em que poderão acompanhar em tempo real o nível e as projeções para os próximos dias”, diz Tamara.